Segundo avança o ECO, as empresas exportadoras portuguesas apresentam margens de preço-custo mais altas do que as empresas que só vendem para o mercado interno, podendo ir até aos 8%.
As exportações aumentaram 23% no ano passado para um valor recorde de 78 mil milhões de euros, o dobro do registado em 2010. Para as finanças públicas estas foram boas notícias. Mas não só.
As empresas que procuram vender os seus produtos além-fronteiras são também mais rentáveis do que as que só vendem para o mercado interno.
“Recorrendo a dados ao nível da empresa, para o período 2010-2019, mostra-se que as empresas exportadoras portuguesas têm margens preço-custo superiores às das empresas que vendem exclusivamente para o mercado interno“, referem Ana Cristina Soares e Rita Sousa no paper “Prémio de margem preço-custo das empresas exportadoras portuguesas“.
Segundo as duas investigadoras do Banco de Portugal, que tiveram por base uma análise a mais de 240 mil empresas distintas e quase 1,5 milhões de observações, “o ganho médio estimado de margem preço-custo varia entre 1,2% e 1,3% no sector transformador e entre 2,6% e 2,7% no sector não transformador, dependendo da especificação empírica”.
No entanto, Ana Cristina Soares e Rita Sousa notam a existência de uma “heterogeneidade substancial entre setores e indústrias”, atingindo magnitudes acima de 8% entre empresas exportadoras e não-exportadoras em sectores como as “actividades de informação e comunicação”.
Entre os sectores que registam um desfasamento maior nas margens preço-custo estão ainda as companhias do sector das “actividades profissionais, técnicas e científicas” e da “construção”, com as exportadoras a apresentarem margens superiores a 7% e 4%, respectivamente, face aos seus pares que apenas vendem para o mercado nacional.
Adicionalmente, o artigo das duas investigadoras mostra também que as margens preço-custo aumentam com a entrada das empresas nos mercados de exportação. “O coeficiente da variável binária referente à entrada no mercado de exportação é positivo, considerável e estatisticamente significativo para os sectores transformador e não transformador”.
As conclusões de Ana Cristina Soares e Rita Sousa vão ao encontro de outros modelos teóricos de comércio internacional que indicam que as empresas exportadoras tendem a apresentar características diferentes daquelas que vendem apenas para o mercado interno.
Por norma, as exportadoras apresentam níveis mais elevados de produtividade, margens preço-custo mais altas e salários médios mais elevados em comparação com as empresas que vendem apenas no mercado interno.
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