Apesar do negócio estar na mira da CMA CGM, a gigante chinesa do shipping, a COSCO, um dos outros maiores grupos mundiais de shipping e logística, está em vias ( ao que tudo indica) de desempenhar um papel decisivo na reestruturação do consórcio que visa adquirir os activos portuários globais da CK Hutchison, num negócio avaliado em cerca de 21 mil milhões de euros.
A operação inclui infraestruturas estratégicas em 41 portos internacionais, entre os quais dois localizados no Canal do Panamá. A CK Hutchison, conglomerado sediado em Hong Kong, iniciou em Março o processo de venda da sua carteira de 43 portos fora da China, tendo estabelecido um acordo inicial com um consórcio liderado pela Terminal Investment Limited (empresa controlada pela MSC) e pela Global Infrastructure Partners, uma unidade da gestora de ativos norte-americana BlackRock.
Contudo, o avanço da operação depende da aprovação das autoridades chinesas, que têm demonstrado preocupação com a possibilidade de o controlo destes activos estratégicos ser transferido integralmente para entidades ocidentais. Nesse contexto, a inclusão da COSCO no consórcio surge como uma solução potencial para acomodar as exigências regulatórias de Pequim e desbloquear a transacção.
A COSCO, detida pelo Estado chinês, tem uma presença significativa em vários portos à escala global e é vista como um instrumento da estratégia marítima da China. A sua eventual participação no consórcio permitiria manter influência chinesa sobre activos logísticos considerados sensíveis, ao mesmo tempo que reforçaria a posição da empresa no sector portuário internacional.
De acordo com informações apuradas junto de fontes próximas do processo, uma das opções em cima da mesa prevê que a COSCO participe no grupo com uma quota nos 41 portos globais, excluindo os dois situados no Canal do Panamá, cuja inclusão poderá levantar objecções políticas por parte dos Estados Unidos.A reestruturação do consórcio está em curso, com ajustamentos previstos na sua composição e na arquitectura do negócio, com o objectivo de obter a aprovação dos reguladores antitrust chineses e garantir o sucesso da operação.
A COSCO tem sido vista por Pequim como um agente de estabilidade e influência nas redes logísticas internacionais, pelo que a sua integração neste negócio é considerada estratégica tanto do ponto de vista económico como geopolítico. A sua entrada poderá ser decisiva para equilibrar os interesses ocidentais e chineses na gestão dos corredores comerciais globais.
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