quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Algarve: Pescadores rejeitam expansão da exploração de mexilhão em mar aberto


Alguns pescadores e armadores ( mais concretamente da zona do barlavento) manifestaram-se contra a expansão de uma exploração de aquacultura de mexilhão na costa algarvia, alegando que a ocupação da zona para o projeto em questão corresponde a uma importante área de pesca do polvo, que sofrerá “impactos económicos negativos duradouros”, assim como a pescaria da sardinha, carapau, cavala, linguado, entre outras. Também a autarquia defende que a infraestrutura vai comprometer a pesca, a náutica, a economia e os algarvios. 

Em causa está a eventual concessão de um Título de Atividade Aquícola (TAA) para a expansão da produção de mexilhão-do-mediterrâneo em mar aberto, entre os concelhos de Lagos e de Vila do Bispo, pela empresa Finisterra.

Face à alegada intenção da empresa promotora, a Barlapescas – Cooperativa dos Armadores de Pesca do Barlavento CRL, através do seu vice-presidente, Fábio Mateus, partilhou com o JA a resposta ao edital que pretende atribuir o referido TAA.  

Segundo a cooperativa, a resposta baseia-se “em dados e resultados obtidos” no projeto ParticiPESCA para a criação do Comité de Cogestão da Pesca do Polvo no Algarve, que a Associação de Armadores de Pesca de Sagres integra.

Para dimensionar o impacto do projeto na frota da pesca do polvo, foi analisado o número de licenças para a pesca com covos e alcatruzes existentes para os portos, “cujas embarcações serão  potencialmente influenciadas pela expansão da ‘Finisterra 1’, por esta se incluir na sua área preferencial de atuação”, alertam.

Assim, e de acordo com o relatório científico do projeto ParticiPESCA, baseado em informação de licenciamento reportada pela DGRM – Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, as licenças de gaiola e abrigo (covos e alcatruzes) têm “uma grande expressão nos portos de Sagres e Lagos”, representando no seu total, em 2021, cerca de 23% (182) do número de licenças existentes em todo o Algarve para esta arte de pesca.

Segundo os dados do ParticiPESCA, das 3759 toneladas de polvo desembarcadas no Algarve em 2021, os portos de Portimão e de Lagos (não existem dados oficiais para o porto de Sagres), foram responsáveis por 54% (2033 toneladas) e 6% (16,7 milhões de euros) dos cerca de 29,6 milhões de euros registados em primeira venda.

Relativamente ao número de pescadores diretamente envolvidos nesta atividade nesta área do Algarve, e apesar de não existirem dados oficiais, “estima-se um universo de, pelo menos 448 indivíduos, assumindo dois tripulantes por licença”.

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