sábado, 6 de janeiro de 2024

Grande parte das embarcações de pesca esconde actividade.


Cerca de 75% das embarcações de pesca trabalham sem ser detectadas e muitas pescam em zonas marinhas protegidas, indica um estudo publicado na revista científica 'Nature'.

Utilizando imagens de satélite e inteligência artificial, a análise mostrou uma grande percentagem de embarcações de pesca industrial que não é rastreada publicamente, com grande parte dessa pesca a ocorrer em África e no sul da Ásia.

Segundo o estudo, mais de 25% da actividade das embarcações de transporte não está incluída nos sistemas públicos de localização.

O estudo foi feito pela organização "Global Fishing Watch" (GFW), que resulta de uma parceria entre a empresa Google e as organizações ligadas ao ambiente "Oceana" e "SkyTruth". A GFW tem como objetivo dar uma visão global do tráfego de grandes embarcações e das infraestruturas "offshore".

Através da análise de milhões de dados do período 2017-2021 foi possível quantificar uma atividade até agora obscura. "Uma nova revolução industrial tem vindo a emergir nos nossos mares sem ser detectada - até agora", afirmou David Kroodsma, diretor de investigação e inovação da GFW e um dos autores principais do estudo.

Envolvendo também várias universidades, a análise das imagens de satélite permitiu identificar embarcações que não transmitiam as posições e que provavelmente estavam a pescar.

"Historicamente, a actividade das embarcações tem sido pouco documentada, limitando a nossa compreensão da forma como o maior recurso público do mundo - o oceano - está a ser utilizado", afirmou citado na investigação o também autor do documento Fernando Paolo, da GFW.

Ainda que nem todas as embarcações sejam legalmente obrigadas a transmitir a sua posição, as ausentes, as chamadas "frotas negras" são um desafio para a proteção e gestão dos recursos naturais, tendo os investigadores detectado essas frotas em muitas áreas marinhas protegidas.

"Os dados publicamente disponíveis sugerem erradamente que a Ásia e a Europa têm quantidades semelhantes de pesca dentro das suas fronteiras, mas o nosso mapeamento revela que a Ásia domina - para cada 10 embarcações de pesca que encontrámos na água, sete estavam na Ásia, enquanto apenas uma estava na Europa", disse Jennifer Raynor, outra das autoras do estudo.

O estudo também mostra como a actividade humana no oceano está a mudar. Coincidindo com a pandemia covid-19 a actividade pesqueira caiu globalmente em cerca de 12%.

O desenvolvimento da energia "offshore" aumentou durante o período de estudo: as estruturas petrolíferas aumentaram 16% e as turbinas eólicas mais do que duplicaram, tendo em 2021 ultrapassado o número de plataformas petrolíferas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Lidl entrega 30 mil euros a projetos de protecção dos Oceanos

Os projectos LIFE SeaBIL, OCEAN4FUEL e MESMERISING, focados na protecção dos oceanos e dos ecossistemas aquáticos, foram os três projectos v...