terça-feira, 21 de novembro de 2023

Estudo: Até 2100, os Oceanos irão ser 5 vezes mais ruidosos.


O aumento do barulho no oceano devido às mudanças climáticas é uma realidade que já começou a afectar a vida marinha, de acordo com um estudo publicado no passado mês de outubro no "Environmental Science."

As contínuas emissões de gases do efeito estufa têm tornado as águas oceânicas mais ácidas. Com o aumento da temperatura, esse é um factor que impacta a transmissão de sons subaquáticos. 

"Em alguns lugares, até ao final deste século, o som dos navios, por exemplo, será cinco vezes mais alto", afirmou num comunicado Luca Possenti, oceanógrafo do NIOZ - Instituto Real de Pesquisa Marinha dos Países Baixos, na Holanda. "Isso interferirá no comportamento de muitas espécies de peixes e mamíferos marinhos."

A pesquisa foi feita em colaboração com o TNO - Universidade de Utrecht e a Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada e utilizou modelos matemáticos para analisar cenários climáticos extremos e moderados, se acordo com o IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Num caso moderado, é previsto um aumento de 7 decibéis nos níveis de som debaixo de água até ao final do século no norte do Oceano Atlântico. Devido à mudanças nas correntes oceânicas e nas camadas de temperatura, uma provável diminuição de fornecimento de água superficial mais quente na região levaria à formação de um "canal sonoro" que transporta sons por distâncias maiores.

Um aumento de 7 decibéis corresponde a quase cinco vezes mais energia sonora subaquática, o que intensificará os sons gerados pelo tráfego marítimo – que irá provavelmente aumentar 
com o número de navios no oceano.

"Na ausência de boa visibilidade debaixo de água, os peixes e também os mamíferos marinhos comunicam-se principalmente por meio de sons", explicou Possenti. "Se os peixes não puderem mais ouvir os seus predadores ou se as baleias tiverem mais dificuldade para se comunicar umas com as outras, isso afectará todo o ecossistema."

Para avaliar as mudanças estudadas, o TNO e o MARIN - Maritime Research Institute Netherlands também estão efectuando medições dos sons subaquáticos. Através de esferas de vidros que se quebram, os investigadores geram sons nas profundidades semelhantes àquelas usadas por mamíferos marinhos e gravam de dezenas a centenas de quilómetros de distância.

Possenti reiterou que ainda não se sabe muito sobre os efeitos das condições subaquáticas sobre a velocidade do som. "Devido aos efeitos potencialmente profundos sobre o ecossistema, esse conhecimento é essencial se quisermos entender o que as mudanças climáticas podem fazer com a vida marinha", concluiu o autor do estudo.

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