Ao que tudo indica, os gangues de traficantes de droga conseguiram-se infiltrar nas cadeiras de abastecimento do shipping, a um nível muito elevado, de acordo um alerta de um importante executivo da indústria, enquanto a Comissão Europeia revelava planos para tentar reprimir as drogas ilegais que inundam os portos da Europa, de acordo com o jornal FT. Nos últimos anos, os envios de cocaína tem aumentado significativamente, tendo chegado ao máximo de 303 toneladas em 2021, segundo últimos números da OEDT, a agência de monitorização da droga da UE.
Derivado a esta situação, as empresas do sector estão a lidar com “algumas das pessoas mais perigosas do mundo. A forma como estas pessoas se infiltram em toda a cadeia de abastecimento, não apenas no lado marítimo ou portuário, é bastante extrema”, disse Keith Svendsen, executivo-chefe da APM Terminals, uma divisão do grupo Maersk.
O aviso chegou numa altura em que a própria Comissão Europeia propôs hoje, um plano de "Aliança Portuária Europeia", para uma maior coordenação entre os portos europeus, governos e empresas privadas. Estão previstos para 2024, cerca de 200 milhões de euros para financiar equipamentos para verificação de contentores, e outro ponto importante, o estabelecimento de critérios de risco e prioridades comuns para os controlos aduaneiros a nível da UE.
Neste momento, na Europa, a cidade portuária de Antuérpia, na Bélgica, é o maior centro de tráfico de cocaína da Europa, com um recorde de 110 toneladas apreendidas em 2022.
Este porto somente inspecciona 2% das mercadorias que passam pelo seu crivo, mas planeia até 2028m analisar todos os contentores provenientes sobretudo da América Latina e considerados de “alto risco”, sendo que actualmente somente 5% são verificados.
Claudio Bozzo, diretor de operações da MSC, disse afirmado ao FT em
agosto que “sofre consequências no que diz respeito aos custos” para
disponibilizar contentores para inspecções alfandegárias. Svendsen recusou-se a
fornecer detalhes sobre os custos do aumento das verificações na Maersk, mas
disse que “o impacto na cadeia de abastecimento é o mesmo em todas as
empresas”.
Afirmou que “é preciso fazer mais soluções de problemas” , afirmando que os controlos deveriam ser r incrementados nas exportações na
América Latina, dando um exemplo de um investimento de mil milhões de euros que a
APM Terminals fez num terminal de contentores que opera na Costa Rica.
No entanto, Svendsen disse que a sua maior preocupação era o “dever de cuidado” para com o seu pessoal, e não os custos. “Houve incidentes em que houve infiltração, onde funcionários foram coagidos a ajudar” os gangues de traficantes, afirmou Svendsen.
A comissão europeia não quis comentar o documento que vazou, que ainda está sujeito a alterações até a sua publicação definitiva. Apesar de haver cada vez mais consenso político para resolver a situação, existem repercussões para a indústria naval global decorrentes de controlos aduaneiros mais rigorosos, afirmam os especialistas.
Richard Neylon, advogado especializado em transporte marítimo da HFW, disse que às vezes “não está ao alcance dos armadores abrir e inspeccionar” contentores. “O transporte marítimo é essencial para o comércio internacional. O risco de contrabando de drogas é uma razão muito difícil para recusar o comércio internacional."
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