sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Cientistas descobrem novo vírus que vive no fundo do mar


Para os investigadores, poderá ser o vírus que destrói bactérias mais profundo descoberto no oceano. Uma equipa de cientistas encontrou o que poderá ser o vírus mais profundo identificado nos oceanos da Terra.

Descobriram um novo vírus localizado em sedimentos recolhidos a 8.900 metros de profundidade na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico. A fossa é o local mais profundo da Terra, atingindo um ponto baixo de 11.000 metros perto das Ilhas Marianas.

"Este é o vírus que destrói bactérias isolado mais profundo conhecido no oceano global", disse o virologista marinho Min Wang em comunicado. A equipa da Ocean University of China publicou os resultados na semana passada, na revista Microbiology Spectrum.

O recém-descoberto vírus das profundezas do mar, denominado vB_HmeY_H4907, é um bacteriófago, o que significa que infecta e se replica no interior de bactérias.

Este bacteriófago infecta bactérias chamadas Halomonas, abundantes na Fossa das Marianas, na Antártida e em fontes hidrotermais - fissuras no fundo do mar através das quais a água aquecida é libertada.

A análise genómica do vírus sugere que é semelhante ao seu hospedeiro bacteriano e que é predominante no oceano.

Os investigadores afirmam que o novo bacteriófago pertence a uma nova família viral denominada Surviridae.

O vírus foi encontrado na zona hadal do oceano, que se encontra a uma profundidade entre 6.000 e 11.000 metros, e cujo nome deriva do nome do deus grego do submundo, Hades.

"Investigações recentes revelaram a enorme diversidade, novidade e importância ecológica dos vírus hadal. No entanto, apenas duas estirpes de vírus hadal foram isoladas", afirmam os investigadores no estudo.

Segundo os cientistas, a identificação deste novo bacteriófago permite aprofundar os conhecimentos sobre o comportamento dos vírus nesta parte do oceano em ambientes agressivos, nomeadamente através da co-evolução com hospedeiros bacterianos.

A zona hadal alberga vários organismos únicos que se adaptam às condições extremas de baixas temperaturas, alta pressão e falta de luz nas profundezas do mar. Os virologistas marinhos estão agora à procura de outros novos vírus em locais extremos, afirmaram.

"Os ambientes extremos oferecem ótimas perspectivas para a descoberta de novos vírus", afirmou Wang.

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