Massas de plástico oceânico estão a oferecer habitat artificial para espécies costeiras, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica ‘Nature Communications’ e citado pelo ‘The Guardian’.
Os autores do estudo observaram garrafas de água flutuantes, escovas de dentes antigas e redes de pesca enroladas, junto à costa. Existe a possibilidade de que as espécies possam estar a evoluir para se adaptar melhor à vida no plástico.
O plástico oceânico está “… a criar oportunidades para que a biogeografia das espécies costeiras se expanda muito além do que pensávamos ser possível”, disse Linsey Haram, investigadora do Smithsonian Environmental Research Center e coautora do estudo, em comunicado.
Além de transportar espécies não nativas para habitats delicados, onde podem tornar-se invasivas e destrutivas, as comunidades neopelágicas, como são conhecidas, são “basicamente uma armadilha ecológica”, refere Juan José Alava, especialista em ecotoxicologia marinha e conservação da Universidade de British Columbia.
Isto acontece porque a densidade absoluta do plástico no oceano leva à criação de estruturas flutuantes permanentes, cobertas por pequenas espécies que atraem criaturas mais acima na cadeia alimentar, como peixes, tartarugas e mamíferos.
Quando essas espécies entram em giros de lixo em busca de abrigo e comida, correm um alto risco de comer e/ou ficarem presas em plástico e morrer. “Por exemplo, muitas vezes as crias de baleias, são muito curiosos – mas essa curiosidade pode levá-los a enredar-se e morrer”, alerta Alava.
Embora os cientistas tenham descoberto que alguns tipos de bactérias são capazes de quebrar hidrocarbonetos no plástico, limpando assim o lixo, é improvável que os tipos de invertebrados alimentadores de filtros que vivem em comunidades neopelágicas tenham esse efeito.
“O relatório de 2021 da ONU após a Cop26 deixou claro que a escala de poluição por plástico crescente está a colocar em risco a saúde de todos os oceanos e mares do mundo”, concluiu Alava.
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