O
Observatório Oceânico da Madeira (OOM) anunciou a
descoberta de uma planície de corais profundos ao largo da Ribeira
Brava, a uma profundidade de dois mil metros, com o auxílio de um
robô subaquático. "Para a Madeira é com certeza inédito",
afirmou Rui Caldeira, director do OOM, adiantando não ser "muito
comum ver-se em mar profundo uma concentração tão grande de
espécies de corais" como aqueles que foram encontrados em
frente à Ribeira Brava, concelho a oeste do Funchal.
O
OOM tem um projecto financiado por fundos do FEDER e parte deste
projecto visa ir ao mar para recolher nova informação, depois de
uma campanha oceanográfica feita em 2017 que foi focada
essencialmente na zona costeira da ilha da Madeira, tendo regressado
este ano, durante o mês de Julho.
Em
colaboração com o Instituto Hidrográfico e a Estrutura de Missão
para a Extensão da Plataforma Continental foi possível ter na
região o ROV Luso, (do inglês Remotely Operated Vehicle), um
veículo de operação remota utilizado no estudo e na exploração
do oceano a bordo do navio da Marinha Portuguesa NRP Almirante Gago
Coutinho. "Foi durante a tarde do dia cinco de Julho de 2018 que
o ROV Luso fez o seu primeiro mergulho a sul da Ilha da Madeira. Após
uma hora e 30 minutos de descida, o ROV Luso pousou na planície
abissal, a cerca de 2000 metros de profundidade, ao largo da Ribeira
Brava", relatou.
Depois
de este ser movimentado junto ao fundo, "a equipa de
investigadores encontrou pela primeira vez na região uma grande
concentração de corais de mar profundo, espécies com grande valor
ecológico e importantes indicadores climáticos", disse.
Ressalvou que não sendo especialista em corais, lhe é permitido, no
entanto, afirmar que a descoberta dos corais é "um bom
indicador da qualidade ambiental, por um lado, e como têm um
esqueleto de carbonato de cálcio têm muitas assinaturas das
alterações climáticas, sendo um indicador importante da saúde do
ecossistema".
Disse
ainda que "as fotos recolhidas pelo ROV Luso ao largo da Ribeira
Brava revelam a diversidade de formas e de cores destes corais
descobertos nestas zonas totalmente desprovidas de luz, bem como os
complexos ecossistemas que estes ostentam em seu redor",
afirmou. De acordo com o responsável, o trabalho científico de
recolha vai continuar no sentido de se perceber a diversidade do
sistema, numa equipa constituída por investigadores portugueses.
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