domingo, 25 de março de 2018

Mar. Mais do que eterna promessa?


“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!” As palavras são de Fernando Pessoa, em Mar Português, no livro Mensagem. As lágrimas que vertemos de tristeza, pela falta dos nossos entes queridos, poderão transformar-se em lágrimas de alegria quando o mar for, finalmente, uma espécie de petróleo português. Já todos lemos centenas ou milhares de artigos acerca do potencial da economia do mar. Tristemente, no final da história acabamos sempre a ler e a discutir apenas a quota da sardinha, quando deveríamos estar a apresentar planos para o desenvolvimento de uma verdadeira economia azul. O mar representou, durante séculos, a ambição e o carácter destemido dos portugueses. É importante que volte a ser esse símbolo, seja na actividade da pesca, da marinha mercante, do movimento de contentores, no movimento de embarcações e navios de cruzeiros para o turismo ou na produção da energia das ondas.

É preciso visão de futuro, ousadia, financiamento e, claro, vontade política. A ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, fala dessa vontade . E deixa críticas à banca por ter fraca sensibilidade em relação, por exemplo, a projectos na área da energia das ondas que tantas vezes são apresentados por startups e que batem muitas vezes com o nariz da porta das instituições financeiras. A falta de histórico e o nível de risco dos projectos não ajudará, bem sei, mas se a banca conseguir olhar o mar com olhos de longo prazo poderá ter aí uma espécie de nova economia em crescimento. Há anos que se fala também da navegabilidade do rio Tejo e de como as barcaças poderiam descer o rio carregadas que bens que vêm abastecer a cidade e substituindo os camiões que enchem e poluem as ruas da capital. Será desta? A ministra está apostada na navegabilidade do rio. E pode ser que a pressão para o cumprimento das metas da ONU, para a descarbonização da economia, até 2030 deem um empurrão a este dossier. Noutras cidades europeias, aqui bem perto, o rio é um eixo central económico. Por cá, continua a faltar-lhe essa centralidade.

Fonte: Dinheiro Vivo Foto: Adelino Meireles/Global Imagens



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