Os
dois exemplares nasceram na Alemanha, no âmbito de um programa
internacional de reprodução em aquário desta espécie dos recifes
de coral, no qual o Oceanário participa, e vão continuar a ser
monitorizados aqui
Elegantes,
lá vão eles, através da transparência azul. Nas suas voltas,
muito perto da superfície, cruzam-se aqui e ali com os outros peixes
- mais pequenos, uns, outros bem maiores, como o imponente
tubarão-touro. Eles são os dois novos residentes do aquário
central do Oceanário: dois pequenos
tubarões-de-pontas-negras-de-recife (Carcharhinus melanopterus), e
já podem ser ali visitados.
Nascidos
em 2015 no Sea Life Centre Oberhausen, na Alemanha, os dois juvenis,
que têm agora mais de um metro de comprimento e nove quilos de peso
cada um, chegaram a Lisboa em Setembro do ano passado, no âmbito do
programa de reprodução e monitorização da espécie em aquário,
no qual o Oceanário de Lisboa participa. Vieram juntar-se a outros
três exemplares da espécie que estão no Oceanário desde a
primeira hora e, como diz a bióloga Núria Baylina, curadora e directora de conservação do Oceanário, a sua vinda é um
acontecimento importante. "Os três
tubarões-de-pontas-negras-de-recife que já cá estavam têm agora
mais de 20 anos e estão a chegar ao fim de vida", explica a
bióloga, sublinhando que os dois juvenis "garantem que o
Oceanário vai continuar a ter exemplares desta espécie".
Mas
não é só isso. Os dois animais nasceram no âmbito do programa de
reprodução em cativeiro da espécie, que só recentemente, há
cerca de quatro anos, conseguiu o seu primeiro sucesso. Por isso,
eles integram o chamado stud-book europeu deste tubarão. Ou seja,
fazem parte da população de aquário que está a ser monitorizada
para daí se recolherem novos conhecimentos que permitam otimizar a
sua gestão para a conservação no seu habitat natural - os recifes
de corais do Indo-Pacífico, onde vive a espécie, que está neste
momento classificada como "quase ameaçada".
Conhecer
para conservar
"É
importante continuar a recolher informação e a monitorizar esta
espécie nos aquários, porque os novos conhecimentos que assim
adquirirmos vão permitir fazer comparações com a sua evolução no
meio natural e, eventualmente, conseguir estabelecer programas de
conservação mais eficientes", sublinha Núria Baylina.Os
dois novos exemplares de tubarão-de-pontas-negras-de-recife do
Oceanário passaram por um período de quarentena e depois por uma
fase de adaptação - um total de nove meses - antes de passarem para
o aquário central, onde estão agora "perfeitamente adaptados",
segundo a bióloga. Como juvenis que são, mantêm-se por agora muito
perto da superfície - é isso que eles fazem também na natureza
para se proteger dos predadores. Com o tempo, hão de aventurar-se
mais. Essa evolução, o seu ritmo de crescimento, os parâmetros de
bem-estar, os pormenores da dieta e a sua maturação sexual serão
cuidadosamente monitorizados pela equipa de Núria Baylina, e depois
comunicados ao coordenador internacional do programa de reprodução
da espécie em aquário.Este
não é, no entanto, o único programa para a reprodução de
espécies em aquário em que o Oceanário está envolvido. Neste
momento, há mais de uma dezena de programas em curso a nível
europeu e internacional e um deles, o da uge-de-pintas-azuis, uma
espécie de raia, é inclusivamente coordenado pela equipa do
Oceanário."Esse
foi o segundo programa do género a ser lançado a nível
internacional, em 2007, e desde então já enviámos para vários
aquários da Europa, dos Estados Unidos e de Israel mais de 15 raias
desta espécie, que nasceram no Oceanário", garante Núria
Baylina.
Fonte: DN
Foto: GERARDO SANTOS / GLOBAL IMAGENS
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