Até agora achava-se que a culpa era da temperatura do ar. Conclusão do estudo sugere que as alterações climáticas podem levar à subida da água do mar mais do que tem sido previsto.
Pequenos picos na temperatura do mar, e não do ar, poderão ter sido os responsáveis pelo desaparecimento da camada de gelo que cobriu a América do Norte e o Canadá na última época glacial.
A conclusão faz parte de um estudo da Universidade de Michigan, Estados Unidos, publicado hoje na revista Nature, que explica um paradoxo da idade do gelo - o degelo em épocas glaciais - e sugere que as alterações climáticas podem levar à subida da água do mar mais do que tem sido previsto.
O comportamento da camada de gelo que cobria milhões de quilómetros, incluindo a maior parte do Canadá e parte dos Estados Unidos, tem confundido os cientistas porque os períodos de fusão e de dissolução no mar aconteceram nos tempos mais frios da última idade do gelo. O gelo deveria derreter quando estivesse calor mas tal não aconteceu.
“Demonstrámos que não é necessário um aquecimento da atmosfera para desencadear situações de desintegração do gelo em larga escala se o oceano aquecer” e começar a derreter as pontas dos lençóis de gelo, disse Jeremy Bassis, professor de clima e ciências espaciais e engenharia.
“É possível que nos actuais glaciares, não só as partes que estão a flutuar mas mesmo as que estão em contacto com os oceanos, sejam mais sensíveis ao aquecimento da água do que se pensava”, adiantou.
Tal pode estar a acontecer na Gronelândia e mesmo na Antárctida.
Bassis tem trabalhado num modelo de estudo diferente sobre como é que o gelo se quebra e flutua, procurando respostas sobre o armazenamento do gelo na Terra e a forma como ele reage às mudanças de temperatura do ar e dos oceanos.
Com base neste modelo, cientistas têm admitido que o degelo na Antárctida possa elevar o nível da água do mar em mais de 90 centímetros.
No estudo agora divulgado, Bassis e a sua equipa aplicaram uma versão do modelo para estudar as mudanças climáticas na idade do gelo, que terá terminado há cerca de 10.000 anos. Usaram registos de sedimentos do núcleo do gelo e dos oceanos para estimar a temperatura da água e as suas variações, tentando perceber se o que está a acontecer na Gronelândia pode descrever comportamentos do passado.
E concluíram que apenas um aquecimento mínimo da água do mar pode desestabilizar toda uma região, mesmo que não se verifique um aumento do aquecimento atmosférico.
Fonte: TVI24
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