Trata-se de uma realidade que poucos conhecem, mas que traz grandes lucros ao País em termos de receitas turísticas: Portugal é um dos destinos preferidos para a prática de canoagem e o favorito a nível Europeu - pelo menos, é o que acreditam os profissionais e atletas de alta competição da modalidade, que há vários anos o escolhem como palco dos seus estágios e treinos de água.
É já no próximo mês que a canoagem mundial volta a mudar-se para território português, alojando-se, novamente, nos Centros de Treino Nelo, que começaram a surgir em 2004 por iniciativa do maior empresa construtora mundial de caiaques de competição, a marca portuguesa Nelo.
No total, 700 atletas de alta competição vão chegar a Portugal em Fevereiro. Só na barragem da Aguieira, em Mortágua, Viseu, entre russos, polacos, eslovacos, checos e portugueses vão ser mais de uma centena os canoístas que aqui a para participar nos treinos de água das grandes seleções nas quais se integram e que estão quase a começar, acolhidos pelo nosso país.
Os Centros de Treino Nelo transformaram, portanto, Portugal num dos países mais procurados em todo o mundo para a prática de canoagem e no destino preferido das equipas europeias durante o Inverno. Trata-se de "um interessante nicho de mercado para o turismo", afirma André Santos, responsável da Nelo, em declarações à Lusa.
Segundo André Santos, Portugal é visitado, anualmente, por cerca de um milhar de atletas de canoagem de alta competição, um número que representa quase dois milhões de euros de rendimentos diretos.
A ideia de criar estes centros de estágio em Portugal foi, aliás, dos próprios atletas, "que vinham cá buscar e fazer afinações das embarcações", conta o responsável, que recorda que estes "começaram a perguntar porque não criávamos condições para ficarem cá mais tempo".
Foi assim que nasceu, em 2004, o primeiro centro de treino, o centro do Porto Antigo, em Cinfães, "uma das mais espantosas zonas de Portugal pela água do Douro e pelo clima", elogia André Santos.
O conceito expandiu-se e, 10 anos depois, a Nelo tem centros de treino de canoagem espalhados por todo o país: na Aguieira, perto de Mortágua, onde se situa o maior dos centros, em Castelo de Paiva, distrito do Porto, em Vila Nova de Milfontes e em Cuba, ambos no Alentejo.
Apesar do sucesso, André Santos assegura que o objectivo da criação destas estruturas não é o negócio. "O que ganhamos nos centros de treino é reinvestido neles. O nosso negócio são os barcos e tudo o resto é uma forma de aumentar a aproximação aos atletas", explica o responsável à Lusa.
Segundo André Santos, "quem vem a Portugal e utiliza um barco Nelo não só vai querer voltar, como ficará cliente". Os russos, exemplifica, "estagiam no nosso país desde 2004, sem falhas".
"Em nenhum outro país existe algo assim"
"Em nenhum outro país existe algo assim"
Além de fornecer aos atletas profissionais condições de treino exemplares, a Nelo assegura também formas de contornar o maior problema da canoagem: o facto de os barcos, com comprimentos a partir dos 5,20 metros, não poderem andar de avião.
"Quem vem estagiar para Portugal tem transfer desde o aeroporto, 300 barcos nossos prontos a utilizar, 20 barcos a motor para os treinadores, hotéis com tarifas acessíveis, na Aguieira, onde se instalam num resort de luxo da Visabeira, pagam cerca de metade da tarifa -, ginásios preparados para atletas de alta competição e serviço de massagem", ilustra André Santos.
"Em nenhum outro país existe algo assim. Somos os melhores da Europa", garante o responsável, que defende que, embora Espanha e Itália tenham também centros de treino bem conhecidos, estes "não se comparam com Portugal".
Para André Santos, a justificação é simples: esta comparação é impossível "sobretudo porque aos outros falta um fabricante da dimensão da Nelo, que resolva os pequenos problemas dos atletas, e também porque em Portugal há sempre um aeroporto a uma hora de viagem; em Espanha, Madrid fica a quatro ou cinco horas".
De acordo com o responsável da empresa, a canoagem não é, porém, a única modalidade a beneficiar de treinos feitos no nosso país. "O remo tem um projeto interessante em Avis e o Algarve enche com equipas de futebol", elogia, acrescentando que "a alta competição enquanto componente turística é um mercado interessante e a que o país nem sempre dá atenção".
"Há pequenas falhas. Era preciso apoio e nem falo de dinheiro. As barragens do Alentejo têm lençóis de água fantásticos, mas não permitem barcos a motor. Logo aí, impedem o treino de equipas de alta competição", conclui.
Fonte: Boas Notícias.
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