A BCG – Boston Consulting
Group ( Empresa de consultoria empresarial norte-americana), indica num
estudo, intitulado de “Scenarios for Container Shipping in the Red Sea Crisis”,
de que existem quatro cenários para o final da crise do Mar Vermelho. Um cenário
de fim imediato, um cenário de manutenção da actual crise durante 2024, um
cenário de fim de crise no início de 2025 ou um cenário de escalada em 2025 com
um alargamento do conflito regional.
Como já é do conhecimento generalizado, 12% do comércio
mundial, e mais importante ainda, 40% do comércio entre a Ásia e a Europa passa
pelo Mar Vermelho. O conflito regional Hamas-Israel que se alargou para o
Iémen, através dos rebeldes Houthis, que embarcaram no conflito, e que desde
então tem estado na linha da frente aos navios da marinha mercante, fizeram com
que os armadores desviassem praticamente 90% dos seus navios da rota Extremo
Oriente-Europa para sul, através do Cabo da Boa Esperança, aumentando em 30% o
tempo de trânsito para o Norte da Europa e com aumentos mais significativos
para o Mediterrâneo Oriental, face a períodos anteriores.
Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa,
afirmou que: “A crise no Mar Vermelho tem tido impacto substancial no comércio
mundial, aumentando os prazos de entrega das mercadorias, bem como os custos de
transporte, afetando negativamente as empresas e economias mais expostas”, Acrewcentou
ainda que: “Neste contexto, é imperativo que os agentes portugueses mais
expostos estejam atentos aos desenvolvimentos e apostem no aumento da
resiliência das suas cadeias de abastecimento, identificando rotas alternativas
e aumentando níveis de stock para assegurar o abastecimento”.
O modelo criado pela BCG para indicar cenários de crise,
baseou-se em inúmeras variáveis, entre a elas, a alteração das rotas (Como
sucedeu), a nova disposição das frotas dos armadores, o nível de procura pelos
serviços, a mudança da velocidade das frotas e da capacidade de carga. Resumo dos cenários:
Fim Imediato: Fim das hostilidades, num espaço de tempo muito curto. Ao acabar com a capacidade de ataque dos rebeldes Houthis, (Pese as ligações com o Irão), iria fazer com que a actividade marítima voltasse a níveis normais ao longo do 2º trimestre deste ano. Não irá ser uma transição rápida, visto que a reorientação dos navios e das rotas ao longo do tempo e a procura dos irá continuar reduzida, mas os armadores deverão manter a velocidade da frota e a capacidade de transporte corresponderá aos níveis anteriores à crise.
Prolongamento em 2024: Continuação dos ataques dos Houthi até ao final de 2024, com uma paragem devido a um eventual acordo de cessar-fogo (fraco). Neste cenário, os armadores irão alterar a estratégia no reforço do redirecionar das frotas, numa primeira fase, e aumento da velocidade dos navios em 6% numa segunda fase, com o respectivo reforço de capacidade. Durante esse período, os níveis de procura vão ser retomados na medida proporcional da ameaça, fazendo com que as taxas de frete aumentem 3 vezes ou até 5 vezes mais em relação ao que estava estabelecido antes da crise iniciar.
Final no início de 2025: Os ataques irão permanecer regulares, continuando
para lá do final de 2024, na sequência da perda de capacidades dos Houthis. Os
armadores continuarão a mudar 85% dos navios, aumentando a velocidade das frotas
em 7% com a respectiva capacidade associada.
A procura irá alterar no 2º semestre em 2025, que irá fazer aumentar
taxas.
Alargamento do conflito regional: De acordo com a consultora, há a possibilidade de um aumento da intensidade dos ataques e de um alargamento dentro da Península Arábica, com todo o impacto económico associado. A região irá perder a sua actual posição estratégica. Toda a frota irá ser redireccionada, aumentando a velocidade dos navios em 7%, alterando a capacidade associada, e haverá probabilidade de uma quebra de 3% face aos níveis actuais, no que concerne à ligação Ásia-Europa.
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