O sector do transporte marítimo de contentores continua a
atravessar um processo profundo de transformação, no qual a cooperação
estratégica entre companhias de navegação se assume como um dos principais
motores de mudança no comércio global. Dados recentes da Alphaliner revelam que
a dominância das alianças marítimas, em conjunto com a MSC — a maior operadora
independente da indústria —, atingiu níveis inéditos. Embora os membros destas
alianças não utilizem toda a sua frota nos serviços conjuntos, controlam
actualmente 82,1% da capacidade global de transporte marítimo de contentores, o
que demonstra o grau de concentração que o sector atingiu.
Entre os principais intervenientes destaca-se a MSC (Mediterranean Shipping Company), que, apesar de operar fora das alianças formais, detém uma presença tão significativa que é frequentemente incluída nas análises do mercado em conjunto com os grandes agrupamentos. Em Junho deste ano, a MSC possuía 20,6% da capacidade global de transporte de contentores, reforçando o seu estatuto como gigante independente.
Por outro lado, a recentemente formada Gemini Cooperation, fruto da aliança entre a Maersk e a Hapag-Lloyd, representa 21,6% da capacidade mundial. Esta colaboração pretende aumentar a eficiência operacional e oferecer serviços mais consistentes e sustentáveis nas principais rotas comerciais do mundo.
A Ocean Alliance, composta pela CMA CGM, COSCO, Evergreen e OOCL, continua a ser a maior aliança em termos de dimensão e frota, com um peso de mercado conjunto de 28,4%. A sua influência global mantém-se sólida, especialmente em rotas estratégicas.
Já a Premier Alliance, que inclui a ONE, a HMM e a Yang Ming, detém uma quota de mercado de 11,5% e tem vindo a reforçar a sua posição com investimentos em novas embarcações e em plataformas digitais, desempenhando um papel relevante nas ligações transpacíficas e intra-asiáticas.
Somando a capacidade destas alianças e da MSC, conclui-se que 82,1% do mercado está concentrado nestes grandes grupos, ficando apenas 17,9% nas mãos de operadores independentes ou não alinhados. Esta realidade evidencia não só a eficiência operacional conquistada através da colaboração entre armadores, mas também o espaço cada vez mais reduzido para a concorrência fora das alianças nas principais rotas mundiais.
Com mais de 80% da capacidade global controlada por estas entidades, a tendência de consolidação no sector do transporte marítimo de contentores parece longe de terminar. Para todos os agentes da cadeia logística, é fundamental compreender esta dinâmica. À medida que o mercado se torna mais concentrado e as redes se fundem, surgem questões críticas sobre a qualidade do serviço, os preços do frete e a sustentabilidade a longo prazo — temas que certamente continuarão no centro do debate sobre o futuro do comércio marítimo global.
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