domingo, 29 de junho de 2025

Febre das tarifas impulsiona shipping, mas desaceleração assusta.


O comércio global de mercadorias está a registar um crescimento súbito e expressivo, alimentado por uma vaga de antecipações nas encomendas internacionais. Contudo, executivos do sector marítimo alertam que este boom poderá ser tão efémero quanto um pico de energia provocado por açúcar: intenso, mas de curta duração.

Segundo informações divulgadas pela Bloomberg, o mais recente Barómetro de Comércio de Mercadorias da Organização Mundial do Comércio (OMC) atingiu 103,5 pontos no primeiro trimestre de 2025 — o valor mais elevado desde Agosto de 2021. Este índice funciona como um indicador avançado da evolução do comércio mundial, sendo especialmente sensível a alterações nos fluxos de bens transaccionados internacionalmente.

De acordo com os economistas da OMC, quase todo este crescimento súbito pode ser atribuído à antecipação de importações por parte de empresas e retalhistas que procuram evitar os aumentos de tarifas comerciais que os Estados Unidos preveem implementar ainda este verão. Este fenómeno, conhecido como front-loading, consiste na realização de encomendas de grandes volumes antes da entrada em vigor de novas restrições comerciais ou agravamentos de custos alfandegários, com o objectivo de minimizar o impacto financeiro das medidas.

O resultado directo desta corrida às importações foi um aumento acentuado na procura por transporte marítimo, com companhias de navegação a operar próximos da sua capacidade máxima e portos a reportarem movimentos acima do habitual para esta altura do ano. No entanto, os responsáveis pelas principais operadoras alertam que este crescimento não é sustentável e poderá ser seguido por um período de arrefecimento abrupto, uma vez escoados os volumes acumulados e normalizado o ciclo de encomendas.

Este tipo de flutuação tem implicações relevantes não só para o sector marítimo, mas também para a gestão de cadeias de abastecimento globais. Um pico temporário seguido de um recuo pode gerar congestionamentos, desequilíbrios logísticos e pressão sobre os preços de transporte — tanto para cima como para baixo, afectando os custos operacionais de múltiplos sectores económicos.

Enquanto isso, os mercados aguardam com atenção a concretização das novas tarifas norte-americanas e os seus potenciais efeitos de longo prazo sobre o comércio internacional. A incerteza política e comercial continua a ser um dos factores mais desestabilizadores para a navegação internacional, e embora o actual aumento na procura traga alívio momentâneo ao sector, a possibilidade de uma “ressaca” económica mantém-se bem presente no horizonte.

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