sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

A guerra no Oriente Médio não travou ano excelente no Shipping


O que parecia ser um enorme obstáculo para 2024, não travou que o ano que ainda decorre fosse excelente para a indústria do shipping. A mudança de rota que resultou num desvio para contornar o Cabo da Boa Esperança, fez disparar os custos, mas ainda assim, não impediu que 2024 fosse o 3º melhor ano de sempre para o sector,

Nos primeiros nove meses do ano, as onze principais empresas globais do shipping obtiveram lucros na ordem dos 26,25 mil milhões de euros, o que representa um aumento de 71,8% face aos 15.278 mil milhões que arrecadaram em todo o ano de 2023. Estes números não incluem os lucros do gigante ítalo-suíço MSC , o principal armador do ramo, que não costuma divulgar os seus resultados obtidos.

O novo total global obtido é derivado do forte aumento nas tarifas de frete, que se iniciou em novembro de 2023, quando os armadores começaram a desviar do Cabo da Boa Esperança após os ataques dos Houthis à navegação comercial no Mar Vermelho em apoio ao Hamas. O mesmo se aplica à taxa média à vista entre a China e o Mediterrâneo, que é paga a 4904,76 euros/feu e regista um aumento de 210,5% em comparação com os 1579,61 euros/feu de há pouco mais de um ano.

Os lucros agregados em 2024 só serão superados pelos resultados alcançados na pandemia da COVID-19, nomeadamente nos anos fiscais de 2021 e 2022. 

A introdução do Regime de Comércio de Emissões da UE em 1 de Janeiro deste ano, mais conhecido como EU ETS ou RCLE-UE, também acrescentou outro custo às despesas das empresas. No caso por exemplo da Maersk, o armador pagou pagou praticamente 124,68 milhões de euros para adquirir direitos de emissões, embora seja verdade que, tal como os seus pares, transferiu este custo para as tarifas que cobra aos seus clientes.

Na opinião da Alphaliner ( reputada consultora do sector), a movimentação de contentores representa “outra actividade principal que adicionou uma pressão significativa aos custos das companhias marítimas”, uma vez que a crise no Mar Vermelho - após os ataques do Hamas em território israelita em 7 de Outubro - “levou a um maior transhipment de carga para chegar ao seu destino final.” O aumento do custo do transhipment adicional tem sido “entre 6% e 7% para a Maersk e a Hapag-Lloyd”, uma vez que “foram obrigadas a adaptar as suas redes de ligação”.

2025 não irá ser um ano diferente do que concerne aos desafios, alguns deles, que se vislumbram logo no inicio do ano.

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