Com cerca de 70% do planeta Terra sendo ocupado por mares e
oceanos, não é de se estranhar que esses locais apresentem condições climáticas
bem, peculiares. Agora, entretanto, cientistas conseguiram relacionar esses
fenómenos aparentemente isolados com o restante do clima global.
Os padrões climáticos em terra ou na água são bem
semelhantes, mas com diferentes escalas. Enquanto um padrão em terra pode
chegar a 500 km de largura e durar até 5 dias, nos oceanos eles podem ter até
1/5 do tamanho e demorar mais de quatro semanas para se dispersar.
“Os cientistas especulam há muito tempo que estes movimentos
omnipresentes e aparentemente aleatórios no oceano comunicam com as escalas
climáticas”, explica o Hussein Aluie, investigador e professor da Universidade
de Rochester, nos EUA. “Isso sempre foi vago porque não estava claro como
desemaranhar este sistema complexo para medir as suas interações”, complementa.
Em 2019, Aluie desenvolveu um código matemático para estudar
a troca de energia entre eventos climáticos. Mais recentemente, ele juntou-se ao investigador Benjamin Storer para aprimorar esse código, agora capaz de
analisar a transferência de energia tanto em eventos climáticos de escala
global quanto em pequenas áreas de até 10 quilômetros.
Assim, eles notaram que os sistemas climáticos oceânicos são
energizados e enfraquecidos quando interagem com as escalas climáticas maiores.
Além disso, a faixa próxima ao equador, chamada de zona de convergência
intertropical, é a origem de 30% de todas as precipitações do planeta, com
intensa transferência energética.
“Há muito interesse em saber como o aquecimento global e as alterações climáticas estão influenciando os fenómenos meteorológicos extremos”, comenta Aluie. “Normalmente, esses esforços de pesquisa baseiam-se em análises estatísticas que requerem dados abrangentes para ter confiança nas incertezas. Estamos adoptando uma abordagem diferente baseada na análise mecanicista, que alivia alguns desses requisitos e nos permite compreender causa e efeito com mais facilidade”, finaliza.
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