O movimento contentorizado global, fundamental para o comércio internacional, encontra-se interligado actualmente a diversas questões geopolíticas e económicas, influenciado por cenários como a guerra Ucrânia-Rússia, conflito entre Hamas e Israel, excesso de capacidade, contexto de taxas de juros altas e fretes e as políticas ambientais da UE.
O movimento contentorizado desempenha um papel vital no transporte de bens ao redor do mundo. Contudo, após um período de pandemia, em que até existiu alto consumo por parte da população confinada, agora no meio de conflitos como a guerra na Ucrânia, e não só, a instabilidade geopolítica afectou as rotas de navegação e a segurança dos transportes marítimos, gerando incertezas nos fluxos comerciais.
Os conflitos, como os enfrentados entre Hamas e Israel, estão a criar obstáculos adicionais ao movimento contentorizado. Até os piratas da Somália, desaparecidos durante muito tempo após um reforço na vigilância e patrulhamento, voltaram a surgir. Complicações como a seca que afecta o Canal do Panamá, que tem causado elevado congestionamento, ou o problemas actuais no Canal do Suez ou da guerra que afecta a passagem de navios no Mar de Negro.
Além disso, o excesso de capacidade nas rotas marítimas, muitas vezes decorrente destas tensões geopolíticas, estão a impactar os custos operacionais e a eficiência do transporte de contentores.
A escalada dos custos de fretes marítimos é um desafio relevante, sendo agravado por factores como o aumento da demanda, escassez de contentores e desequilíbrios na oferta. As políticas ambientais, como a EU ETS (Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia), vão influenciar as operações de transporte, aumentando a pressão sobre as empresas para reduzirem as suas pegadas de carbono, fazendo com que haja uma remodelação intensa do que era anteriormente o procedimento habitual.
O movimento contentorizado global é um componente crítico das relações económicas e geopolíticas, e o seu entrelaçamento com conflitos regionais, excesso de capacidade, custos de fretes e políticas ambientais cria um cenário desafiador para 2024.
Portugal, como parte desse sistema global, enfrentará dificuldades económicas decorrentes desses desafios interligados. Tudo isto e com o facto de ter um governo em gestão, e provavelmente só haverá outro em Abril, desconhecendo-se qual a estratégia relativa ao sector, mais dificuldade causa.
A adaptação a essas mudanças exigirá resiliência e estratégias inovadoras para mitigar os impactos na economia e manter uma posição competitiva no contexto internacional.
Autor: Carlos Ramiro - Especialista em Assuntos Logísticos.
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