segunda-feira, 19 de junho de 2023

Burnout: 12 etapas (ou sintomas) do esgotamento profissional.

 


Num mundo pós-pandémico, em que a guerra, crise inflacionista e a perda de poder de compra afecta todos nós e as empresas, algo tem vindo a piorar mais: A nossa saúde mental.

Quem trabalha no meio logístico e portuário, sabe o que é, pois a exigência e a pressão tremenda que existe num sector com inúmeras flutuações, não ajuda nada a estabilizar a parte mental.

Podemos achar que nem temos, ou que é meramente cansaço acumulado ou falta de férias, mas a verdade é que os trabalhadores logísticos e principalmente portuários sentem mais, em virtude também de já terem passado por isso na altura da pandemia da Covid-19, onde os portos tiveram papel fundamental para a economia não quebrar.

Depressão, esgotamento físico e mental, sentimento de incapacidade e até pensamentos suicidas: esses são alguns dos indícios do Burnout, um transtorno cada vez mais comum que se caracteriza por um stress devastador, extremo, superior à capacidade pessoal de lidar com questões do dia a dia de modo eficiente, e é relacionado exclusivamente ao trabalho.

Os psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North, respectivamente, alemão e norte-americana, criaram uma lista do que seriam as 12 etapas do Burnout. As chamadas etapas não devem ser vistos como fases. São sintomas. Algumas pessoas passam por todos, mas outras não. E podem não aparecer nessa ordem, também. De qualquer maneira, a lista serve como um indicador de sinais a se prestar atenção.

1. Compulsão em demonstrar o seu próprio valor

É aquela necessidade de mostrar que sabe fazer o que a sua função, e com excelência.

2. Incapacidade de desligar-se do trabalho.

Ver constantemente os e-mails e mensagens antes de dormir, trabalhar uma quantidade de horas extraordinárias (por vezes voluntariado), estar sempre a pensar no que poderia ou não ter feito, deixar o pensamento a pensar nas frases de colegas tóxicos, entre outros, são alguns dos sinais.

3. Negação das próprias necessidades

Bom sono, alimentação adequada, tempo para o lazer tornam-se secundários --e essa atitude é vista como um sacrifício em nome de um bem maior, uma dedicação extremista e pouco saudável. 

4. Fuga de conflitos

A pessoa percebe que há algo errado, mas evita enfrentar a situação de frente. Os primeiros sintomas físicos podem surgir, e revelarem-se de uma forma dolorosa.

5. Reinterpretação de valores pessoais

A família, os momentos de descanso, os hobbies, passam a ser vistos como coisas sem importância ou sem nexo. A autoestima é medida apenas pelos resultados obtidos.

6. Negação de problemas

A pessoa torna-se intolerante. Vê os colegas de trabalho como preguiçosos, incompetentes ou até indisciplinados. Pensa que nem todos remam da mesma maneira, o que pode gerar desdém pelos colegas e trabalho.Pode haver aumento da agressividade e sarcasmo.

7. Distanciamento da vida social.

A vida social passa a ser restrita ou, até mesmo, inexistente, como se fosse uma pausa do trabalho e não descanso efectivo. Passa a não saber desfrutar do descanso, tal é o peso emocional do trabalho. O trabalho é feito de maneira automática. A necessidade de relaxar pode levar em certos casos, ao uso de drogas ou álcool.

8. Mudanças estranhas de comportamento.

A pessoa torna-se muito diferente do que costumava ser. Quem era alegre e dinâmico torna-se apático e fatalista. As alterações são óbvias e podem ser notadas pela família e amigos, sendo notória também aos colegas mais próximos.

9. Despersonalização.

Não é possível ver o seu próprio valor enquanto ser humano ou trabalhador, nem as necessidades, bem como das pessoas em seu redor.

10. Vazio interno.

Para amenizar o desconforto, muitos recorrem às drogas, álcool, ou compulsões como comer e fazer sexo, não como necessidade natural ou normal, mas para colmatar um vazio ou sensação mínima de desespero.

11. Depressão.

O futuro parece incerto, perde-se o sentido de estabilidade e previsibilidade. As mudanças, principalmente as negativas causam impacto tremendo. A vida como que perde parte do sentido. É comum o sentimento de estar perdido, cheio de incertezas e de exaustão física e mental.

12. Burnout ou esgotamento.

Há um colapso mental e físico, assim como pensamentos extremamente negativos, destrutivos ou até suicidas. Quem chegou até aqui, precisa de ajuda médica imediata, pois pode estar em causa enquanto ser humano. Empresas deveriam ter um papel mais activo na prevenção, para evitar este limite.

Quem sofre mais?

Segundo dados do ISMA (International Stress Management Association), o Burnout atinge 32% da população que tem sintomas de stress. E, muitas vezes, pode levar ao afastamento do trabalho, assim como causar úlceras, diabetes, aumento no colesterol, entre outros problemas de saúde. Pessoas com doenças crónicas, a nível de cardiovascular, diabetes, asma ou até cancro, podem levar a um patamar de degradação tão elevado, que pode aumentar o risco de fatalidade.

O Burnout é mais comum em pessoas minimamente  exigentes, rigorosas com o trabalho, sem medo das  rresponsabilidade, e com sentido profissional.

No entanto, tudo isto não acontece do dia para a noite. Pode levar anos para a pessoa desenvolver e atingir o pico de stress, ou haver um desencadeamento de situações negativas no meio laboral para chegar-se ao limite.

O percurso é parecido: A pessoa começa um novo trabalho com ilusões, sonhos, ideias e expectativas. Gradualmente, ao longo dos anos, no entanto, a realidade vai batendo de frente e demonstrar que é diferente. O trabalhador passa por frustrações, mas vai engolindo, perante as injustiças. Aos poucos, ele começa a deixar de ter prazer no seu trabalho. Primeiramente perde a afinidade, depois ou faz as tarefas mecanicamente, como um androide, ou desacarrega negativamente as frustrações e torna-se tóxico, ou entra em trauma e sai do trabalho. 

O trabalho começa a perder qualidade e o funcionário vai ficando, crítico, desligado e revoltado. Na hora que há esse desligar interno, podem começar a aparecer sintomas físicos, como dor de cabeça, na nuca, no estômago, problemas de pele, infecções urinárias porque a imunidade cai.

O Burnout é um assunto sério e deverá ser visto como uma prioridade a tratar e não como algo irrelevante para descartar.

Sem comentários:

Enviar um comentário

DGRM apresentou na IMO estudos iniciais para a implementação de uma ECA.

Decorreu esta semana a apresentação dos estudos iniciais para a implementação de uma Área de Emissões Controladas (ECA - Emissions Control A...