terça-feira, 20 de junho de 2023

Algarve pode ter 1ª área marinha protegida deste século em Portugal


A Universidade do Algarve, Fundação Oceano Azul e várias associações de pescadores e municípios do Algarve, foram envolvidos no processo pparaa criação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve - Pedra do Valado.

O Ministério do Ambiente liderado por Duarte Cordeiro aprovou a consulta pública para classificação do Parque Natural Marinho do Recife do Algarve - Pedra do Valado como área marinha protegida, a primeira do género a ser criada em Portugal Continental neste século. O percurso até aqui envolveu mais de 70 associações de pescadores, organizações não-governamentais e municípios. A consulta pública será os 30 dias regulamentares.

No seguimento da costa de Albufeira, Lagoa e Silves esta localizado o maior recife rochoso costeiro a baixa profundidade de Portugal, estendendo-se desde o Farol de Alfanzina, em Lagoa, até à Marina de Albufeira. Neste recife encontram-se cerca de 900 espécies, incluindo 12 novas para a ciência e mais de 45 novos registos para a costa portuguesa, tal como várias espécies com estatuto de conservação como o cavalo marinho. Existem igualmente jardins de corais e de gorgónias, e pradarias de ervas marinhas. Derivado da sua localização, a pressão significativa da pesca e do turismo tem impacto no recife.

O processo começou em 2018 com o Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR), a Fundação Oceano Azul, algumas das autarquias e as associações de pescadores do Algarve, a lançar as bases para a criação de uma Área Protegida de Interesse Comunitário (AMPIC). 

"No CCMAR pretendíamos que os dados que fomos recolhendo ao longo dos anos não fossem para o Governo sem primeiro consultar e trabalhar com os cidadãos locais. Fizemos um processo participativo a que chamámos de área marinha protegida de interesse comunitário precisamente por ser um processo de baixo para cima", explicou Jorge Gonçalves, investigador do CCMAR da Universidade do Algarve.

Ao longo destes 3 anos, houve 7 reuniões plenárias e mais de 70 reuniões bilaterais com diferentes organizações. "Foi importante haver este processo colectivo com as várias entidades para todas elas discutirem e apresentarem os seus pontos de vista e os direitos que lhe assistem de alguma maneira", afirma Tiago Pitta e Cunha, presidente executivo da Fundação Oceano Azul.

Há cerca de 20 anos que a Universidade do Algarve faz estudos sobre os habitats marinhos da costa algarvia, que permitiram à instituição saber os melhores sítios em termos de riqueza e dos valores naturais, tal como das utilizações a nível das atividades socioeconómicas. Toda a pesquisa serviu para delimitar onde será instalado o futuro Parque Natural Marinho. 

"Todo esse conhecimento científico foi ainda melhorado com o facto de fazermos o mapeamento dos bancos de pesca algarvios e de todas as actividades humanas que se fazem no mar", diz o investigador do Centro de Ciências do Mar.


Sem comentários:

Enviar um comentário

DGRM apresentou na IMO estudos iniciais para a implementação de uma ECA.

Decorreu esta semana a apresentação dos estudos iniciais para a implementação de uma Área de Emissões Controladas (ECA - Emissions Control A...