domingo, 19 de março de 2023

E se o Titanic nunca afundou? Uma nova teoria ganhou fôlego na internet


Uma estranha teoria da conspiração sustenta que o Titanic nunca se afundou: o desastre aconteceu com outro navio da classe Olympic.

O Titanic media quase 269 metros de comprimento, 28 metros de largura e pesava mais de 46 mil toneladas. Em 1912, quando foi dado a conhecer ao mundo, era considerado o maior navio do mundo e simbolizou um empolgante avanço na indústria naval.

Era considerado o “navio inafundável”, mas a verdade é que, a 14 de abril de 1912, embateu num icebergue e afundou-se.

Ao longo da história, o naufrágio do Titanic originou múltiplas teorias da conspiração ao longo dos anos: a que defende que o navio foi amaldiçoado por uma múmia antiga, por exemplo; a que diz que tudo foi uma vingança levado a cabo por J. P. Morgan numa espécie de luta milionária entre rivais comerciais.

Há até uma versão que diz que Jack e Rose poderiam ter-se salvo na famosa porta, apesar de James Cameron já ter vindo contrariar tal hipótese.

No entanto, uma das mais estranhas conspirações é bastante simples: o Titanic nunca se afundou de todo, e o desastre aconteceu na realidade com outro navio da mesma classe Olympic construída pelos fabricantes, a Harland e Wolff .

Esta versão tem ganhado apoiantes no Reddit, com alguns utilizadores a mostrarem a sua incredulidade com as “evidências” que a sustentam. “Que conspiração é tão credível que pode ser verdadeira?”, questionou um.

“E se não foi o Titanic que se afundou?”, afirmava-se na rede social. “E se foi realmente o Olímpico? E se foi um estratagema para remover um navio defeituoso que lhes estava a dar mais prejuízo do que retorno à White Star Line e amealhar o valor da apólice de seguro?”

Mas antes de embarcar em fantasias, é importante estabelecer alguns factos importantes. O Titanic foi um dos três de navios encomendados e construídos para a empresa de navegação White Star Line entre 1911 e 1914. O primeiro foi o RMS Olympic; o Titanic foi concluído um ano mais tarde; e o RMS Britannic completou o conjunto em 1914.

Apesar do entusiasmo em torno dos lançamentos, nenhum dos navios teve o que se poder chamar de carreira ilustre. O Britannic não durou mais de dois anos no trânsito de passageiros: foi requisitado pela marinha do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, e acabou por ser destruído por uma mina em 1916.

De acordo com os registos históricos, o RMS Olympic teve um percurso quase exemplar, tendo percorrido os mares durante 24 anos, antes de se reformar e ser vendido para sucata em 1935. Pelo meio, também serviu na Primeira Guerra Mundial, onde ganhou o apelido de “Old Reliable” pela confiança que inspirava.

Na sua história conta apenas com um pequeno incidente, a 20 de setembro de 1911, poucos meses antes de o Titanic partir na sua trágica viagem inaugural. Segundo os livros, o RMS Olympic colidiu com o HMS Hawke ao largo da costa sul do Reino Unido.

Para a White Star Line, o acidente representou um desastre financeiro. O Hawke deixou dois enormes buracos no casco do Olympic, o que permitia a entrada de água e causou danos na hélice. A embarcação esteve fora de serviço durante meses, com as reparações a exigirem tempo e recursos que de outra forma teriam ido para o Titanic.

Para alguns conspiracionistas esta é uma associação óbvia e uma prova clara. A ela junta-se, por exemplo, o facto de o Titanic não ter sido submetido a uma vistoria antes da sua viagem — o que para muitos foi uma forma de impedir que o público soubesse que se tratava efetivamente do Olympic. Há ainda quem diga ter “provas” fotográficas de que os dois navios haviam sido trocados.

Mas a verdade é que nenhum destes argumentos tem lógica. De facto, o público pode não ter visto a embarcação antes de esta ter partido para o mar, mas esta foi certamente inspecionada pela Câmara do Comércio Britânica, tanto durante o processo de construção como após a conclusão.

Há registos escritos que o provam. Mas para além da visita das autoridades competentes, também os meios de comunicação da altura e de curiosos visitaram o porto onde a construção, com fotografias a prová-lo.

Quanto há questão de um afundamento provocado, sob o argumento económico de que a apólice de seguro seria mais vantajosa, a matemática está cá para a negar.

“Bruce Ismay, presidente da administração da White Star, confirmou que o Titanic ‘custou 7,5 milhões de dólares‘ — e foi assegurado em 5 milhões, pelo que percebo'”, escreveu Chirnside numa reflexão de 2005 sobre a conspiração.

“Quando comparamos o valor do seguro com o custo do navio, então podemos perceber que o seguro do Titanic correspondia a dois terços do seu custo, pelo que havia uma diferença de 2,5 milhões de dólares entre o benefício de seguro e o custo da construção do navio”.

Tal como reforça o mesmo investigador, para além das questões éticas e de legalidade, seria de esperar que a empresa se certificasse que o valor da apólice fosse superior ao custo de produção antes de recorrer a tal prática.

Caso sejam precisos mais elementos que comprovem que o navio envolvido no naufrágio, o IFL Science lembra ainda os números gravados nos elementos de construção do navio e onde se pode identificar o número 401, o qual identificava o Titanic e não o 400, que dizia respeito ao Olympic.

Os destroços encontrados posteriormente comprovam-no. Caso as embarcações tivessem sido trocadas, todas as peças da estrutura teriam que ser substituídas em questões de dias, quando originalmente tinham demorado meses a ser montadas.


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