quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Estudo desvenda a chave da absorção do dióxido de carbono pelos oceanos


O efeito de estufa e a alta concentração de carbono na atmosfera são problemas que assustam quem se importa com o planeta. Para essas questões, um pequeno aliado tem sido considerado indispensável. O fitoplâncton têm sido essencial para a regulação das concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Um novo estudo procura entender o papel desses agentes de captura  de carbono para o equilíbrio da vida na Terra.

O oceano removeu cerca de um terço do CO2 libertado pelos seres humanos desde a Revolução Industrial. Isso faz dele um dos maiores consumidores de dióxido de carbono existentes. Compreender o papel da água nesse processo é fundamental para criar alternativas e reduzir danos.

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Autónoma de Barcelona descobriu que a troca de carbono entre a atmosfera e o oceano é modulada quase integralmente por um único grupo de plâncton fotossintetizante, um fitoplâncton calcificante marinho chamado cocolitóforo. Esses pequenos organismos vivem nas camadas iluminadas dos oceanos e formam placas elaboradas de carbonato de cálcio (CaCO3). Essas camadas produzidas pelo fitoplâncton podem, inclusive, ser vistas em lugares como os penhascos brancos de Dover - Reino Unido.

No estudo, publicado no periódico científico Nature Communications, os investigadores descobriram que os cocolitóforos, com menos de um centésimo de milímetro de tamanho e formando a base da cadeia alimentar aquática, são responsáveis por 90% da produção de carbonato de cálcio e um dos maiores contribuintes para a regulação dos níveis atmosféricos de CO2. Eles também são fundamentais para o controlo químico dos oceanos, regulando os níveis de acidificação da água. Esta pesquisa destaca que os outros dois principais grupos planctônicos calcificadores, zooplâncton (pterópodes) e foraminíferos, desempenham um papel secundário no contexto da modulação do CO2 atmosférico.

Além disso, o estudo também revelou que, em vez de afundar, a maior parte do CO2 convertido em carbonato de cálcio dissolve-se em águas rasas, onde o carbono é mais facilmente trocado com a atmosfera e há maior incidência de luz solar. A dissolução do carbonato mais próximo da superfície mostra que o processo de troca de carbono entre oceano e a atmosfera é mais complexa do que se supunha inicialmente. 

Entender esse tipo de dissolução é fundamental para a compreensão do papel dos calcificadores planctônicos na regulação do CO2 atmosférico. Isso é importante, pois mais dissolução irá aumentará a capacidade da água de reter CO2.

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