domingo, 17 de junho de 2018

O Oceano Atlântico é a casa de muitas espécies


Uma elevada abundância e diversidade marinhas caracterizam o Oceano Atlântico. A sobrepesca, a poluição e a pesca fantasma são alguns dos motivos que fazem deste oceano um habitat de espécies em perigo de extinção.

A bióloga marinha Sofia Silva, que colabora com o centro de investigação CETEMARES, do Instituto Politécnico de Leiria, explica que o Oceano Atlântico, o segundo maior do mundo, possui uma elevada abundância e diversidade de vida marinha. Considera-se que aproximadamente 95% do volume dos oceanos permanece inexplorado.

“A saúde dos oceanos em muito depende da sua biodiversidade e esta encontra-se em rápido declínio actualmente” que em muito se deve aos efeitos nocivos da sobrepesca, poluição e alterações climáticas.

Se o ser humano não mudar comportamentos muitas espécies continuarão a desaparecer “a um ritmo alarmante sem que antes tenhamos conhecimento da sua existência”.

ESPÉCIES “CARISMÁTICAS” E “EXÓTICAS”

Nos pratos portugueses é possível encontrar bacalhau no forno, sardinha assada ou camarão, mas numa viagem pelo Oceano Atlântico não são as únicas espécies que se podem encontrar. Golfinhos, orcas, baleias e tartarugas são alguns dos animais que compõem as espécies “carismáticas”, como Sofia Silva as apelidou, enquanto as “exóticas” são constituídas por diversos organismos como algumas algas, algumas espécies de peixes e alguns invertebrados. A diversidade não fica por aqui: podem ainda encontrar-se aves marinhas, tubarões e raias.

Para a bióloga, “o oceano Atlântico é a casa de muitas espécies, não apenas das economicamente interessantes (seja pelo seu potencial de uso ao nível da indústria alimentar, biotecnológica ou farmacêutica), mas também das inúmeras que não conhecemos”.

Há fenómenos surpreendentes que se escondem no interior dos nossos oceanos. A confluência entre as águas frias do norte e as águas quentes das regiões tropicais, permite uma elevada biodiversidade, o que contribui para uma elevada riqueza específica derivada à renovação de nutrientes presentes nas águas, formando assim uma cadeia alimentar aquática diversa. Sofia Silva dá o exemplo da presença dos tubarões e aves marinhas atraídos, também, pelo aumento das suas presas em zonas mais próximas da costa, devido aos fenómenos de “upwelling” (fenómeno oceanográfico que consiste na subida das águas subsuperficiais).

AVISTAMENTOS NA COSTA PORTUGUESA
As alterações climáticas, por exemplo, têm impacto “na área de distribuição dos organismos, assim como nos seus padrões migratórios”. Actualmente, já se verifica o “desaparecimento de espécies com afinidades boreais e o aumento ou ocorrência de espécies sub-tropicais”.

A costa portuguesa, por seu lado, tem recebido espécies cuja presença era menos notada. A bióloga marinha justifica o avistamento mais frequente de baleias e tubarões na costa continental com a exploração intensa do meio marinho e esclarece que a incidência destes animais se deve essencialmente ao aumento da presença humana em alto mar.

SABIA QUE...
As baleias-jubarte percorrem mais de 8000 km desde a Antártica até à Costa Rica, e representam a maior migração de um mamífero que ocorre no Oceano Atlântico.

... E QUE...
O fóssil vivo celacanto, que se julgava extinto à mais de 60 milhões de anos, foi capturado vivo em 1938 na costa africana do Oceano Atlântico.~

Fonte: Expresso

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