Uma elevada abundância e diversidade marinhas caracterizam o
Oceano Atlântico. A sobrepesca, a poluição e a pesca fantasma são alguns dos
motivos que fazem deste oceano um habitat de espécies em perigo de extinção.
A bióloga marinha Sofia Silva, que colabora com o centro de
investigação CETEMARES, do Instituto Politécnico de Leiria, explica que o
Oceano Atlântico, o segundo maior do mundo, possui uma elevada abundância e
diversidade de vida marinha. Considera-se que aproximadamente 95% do volume dos
oceanos permanece inexplorado.
“A saúde dos oceanos em muito depende da sua biodiversidade
e esta encontra-se em rápido declínio actualmente” que em muito se deve aos
efeitos nocivos da sobrepesca, poluição e alterações climáticas.
Se o ser humano não mudar comportamentos muitas espécies
continuarão a desaparecer “a um ritmo alarmante sem que antes tenhamos
conhecimento da sua existência”.
ESPÉCIES “CARISMÁTICAS” E “EXÓTICAS”
Nos pratos portugueses é possível encontrar bacalhau no
forno, sardinha assada ou camarão, mas numa viagem pelo Oceano Atlântico não
são as únicas espécies que se podem encontrar. Golfinhos, orcas, baleias e
tartarugas são alguns dos animais que compõem as espécies “carismáticas”, como
Sofia Silva as apelidou, enquanto as “exóticas” são constituídas por diversos
organismos como algumas algas, algumas espécies de peixes e alguns
invertebrados. A diversidade não fica por aqui: podem ainda encontrar-se aves
marinhas, tubarões e raias.
Para a bióloga, “o oceano Atlântico é a casa de muitas
espécies, não apenas das economicamente interessantes (seja pelo seu potencial
de uso ao nível da indústria alimentar, biotecnológica ou farmacêutica), mas
também das inúmeras que não conhecemos”.
Há fenómenos surpreendentes que se escondem no interior dos
nossos oceanos. A confluência entre as águas frias do norte e as águas quentes
das regiões tropicais, permite uma elevada biodiversidade, o que contribui para
uma elevada riqueza específica derivada à renovação de nutrientes presentes nas
águas, formando assim uma cadeia alimentar aquática diversa. Sofia Silva dá o
exemplo da presença dos tubarões e aves marinhas atraídos, também, pelo aumento
das suas presas em zonas mais próximas da costa, devido aos fenómenos de
“upwelling” (fenómeno oceanográfico que consiste na subida das águas subsuperficiais).
AVISTAMENTOS NA COSTA PORTUGUESA
As alterações climáticas, por exemplo, têm impacto “na área
de distribuição dos organismos, assim como nos seus padrões migratórios”.
Actualmente, já se verifica o “desaparecimento de espécies com afinidades boreais
e o aumento ou ocorrência de espécies sub-tropicais”.
A costa portuguesa, por seu lado, tem recebido espécies cuja
presença era menos notada. A bióloga marinha justifica o avistamento mais
frequente de baleias e tubarões na costa continental com a exploração intensa
do meio marinho e esclarece que a incidência destes animais se deve
essencialmente ao aumento da presença humana em alto mar.
SABIA QUE...
As baleias-jubarte percorrem mais de 8000 km desde a
Antártica até à Costa Rica, e representam a maior migração de um mamífero que
ocorre no Oceano Atlântico.
... E QUE...
O fóssil vivo celacanto, que se julgava extinto à mais de 60
milhões de anos, foi capturado vivo em 1938 na costa africana do Oceano
Atlântico.~
Fonte: Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário