quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Invasão de ilhas do Pacífico pelo mar impressiona comissária europeia


A comissária europeia encarregada das questões climáticas, Connie Hedegaard, alertou hoje para os impactos da elevação do mar nas pequenas ilhas do oceano Pacífico, após ter visto a situação com os próprios olhos. Para ela, uma reacção às consequências do aquecimento global é “urgente” para evitar que o problema piore nestas regiões.

“O sentimento de urgência é evidente e visível quando o vemos de perto”, declarou a comissária à agência AFP, durante o 44º Fórum de Ilhas do Pacífico (FIP). O evento reúne 16 Estados independentes e territórios associados e inaugurado esta terça em Majuro, capital das Ilhas Marshall. O local se situa a apenas um metro acima do nível do mar, situação semelhante à encontrada nos arquipélagos vizinhos de Tuvalu e Kiribati.
“O tempo está correndo. O mundo deve agir. Os que estão mais vulneráveis estão cada vez mais impacientes, e por razões justas”, observou Hedegaard. Ela se disse impressionada pelo fato de que, apesar das adversidades, as administrações locais adoptam cada vez mais as energias renováveis. “Eles não criaram o problema climático e não são culpados de nada, mas sabem que cada um de nós deve fazer o que poder. Eles nos dão um exemplo moral.”
Os diques que protegem as Ilhas Marshall do mar estão ruindo e, em Junho, uma alta recorde da maré provocou a inundação de Majuro. Diversos poços de água que servem para alimentar os habitantes estão contaminados por água marinha.
Na abertura do fórum, na terça, os países insulares do Pacífico denunciaram o desprezo e a falta de acção dos grandes poluidores - responsáveis, a seu ver, pela dramática situação em que se encontram. Segundo o primeiro-ministro das Ilhas Cook, Henry Puna, os pequenos países do Pacífico se sentem abandonados pelo resto do mundo, que, no entanto, tem a maior responsabilidade pelas transformações no clima.
Ele evocou as frustrações que sentem seus habitantes por serem vistos de cima, ignorados e subestimados. "Anos de inércia de parte daqueles que são os mais capazes de agir de forma eficaz para reduzir (os efeitos do aquecimento) nos deixaram profundamente decepcionados e insatisfeitos", declarou o primeiro-ministro, na abertura do fórum.
Pedido na ONU
Os países-arquipélago do Pacífico sul querem o compromisso dos grandes países poluidores para limitar suas emissões, destacando que o aquecimento representa uma ameaça directa para a sobrevivência de suas ilhas. Esta demanda será apresentada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante a Assembleia-geral das Nações Unidas, no fim de setembro, em Nova York, para "remobilizar a comunidade internacional e convencê-la de que certos países estão com sua existência ameaçada".
O presidente das Ilhas Marshall, Christopher Loeak, fez um discurso emocionante pela sobrevivência de seu arquipélago, afectado por uma grave seca e por tempestades. "A todos os habitantes das Marshall e aos povos do Pacífico: minha terra é minha pátria, meu património e minha identidade", afirmou. "Este é meu país e aqui ficarei para sempre. Que venha a água!", acrescentou.
 

Fonte. RFI

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