No próximo dia 7 de Agosto, entra em vigor uma nova vaga de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, na sequência de uma ordem executiva assinada pelo antigo Presidente Donald Trump no final de Julho. As medidas incidem sobre mais de sessenta países e territórios e visam aplicar taxas alfandegárias que variam entre os 10 % e os 50 %, consoante o nível de acordo comercial e as concessões estabelecidas com os Estados Unidos.
Estas tarifas inserem-se numa estratégia declarada por Trump de “reindustrialização” da economia americana, sendo justificadas pela necessidade de “equidade comercial” e de “protecção do trabalhador norte-americano”. No entanto, os impactos destas medidas são já visíveis a nível económico e diplomático, com diversos países a tentarem negociar isenções ou a preparar medidas de retaliação.
A estrutura tarifária foi concebida de forma escalonada. Os países que não possuem qualquer tipo de acordo comercial com os Estados Unidos verão as suas exportações sujeitas a uma taxa base de 10 %. Por outro lado, nações que alcançaram concessões parciais, como a União Europeia, o Reino Unido, o Japão, a Coreia do Sul, as Filipinas, o Vietname ou a Indonésia, enfrentarão tarifas intermédias entre os 15 % e os 20 %. Já países considerados como tendo oferecido níveis reduzidos de concessão, como o Laos, a Síria ou Myanmar, poderão ser penalizados com taxas entre os 30 % e os 41 %.
Existem ainda casos extremos, nos quais se aplicarão tarifas máximas, por razões de carácter político ou económico. O Brasil, por exemplo, será sujeito a uma tarifa de 50 %, afectando aproximadamente 35 % das suas exportações para o mercado americano. A Índia, por sua vez, enfrentará uma tarifa de 25 %, como forma de retaliação pela manutenção das suas compras de petróleo à Rússia. A Suíça será também fortemente atingida, com taxas a atingir os 39 %, o nível mais elevado entre os países europeus afectados.
Vários governos, entre eles os do Canadá, México e Suíça, encontram-se em negociações de última hora com Washington, na tentativa de suavizar os impactos ou garantir excepções antes da entrada em vigor das medidas. No caso do México, o objectivo é evitar uma subida dos actuais 25 % para 30 %, enquanto o Canadá tenta manter-se abaixo do patamar dos 35 %.
O impacto económico destas tarifas promete ser significativo. Segundo dados recentes, os novos encargos elevarão a tarifa média dos Estados Unidos para os 18,3 %, o nível mais elevado desde 1934. O sector dos serviços norte-americano já deu sinais de abrandamento, e há receios de que os custos adicionais venham a ser repercutidos no consumidor final. Na Europa, mais concretamente em Espanha, regiões como a Andaluzia estimam perdas na ordem dos 509 milhões de euros no produto interno bruto e uma redução de mais de nove mil postos de trabalho devido à quebra nas exportações.
Apesar da contestação crescente, a administração Trump mantém-se firme quanto à aplicação das tarifas, alegando que se trata de uma “necessidade estratégica” para reequilibrar as relações comerciais internacionais. A comunidade internacional observa com preocupação o escalar desta política tarifária, que poderá dar origem a uma nova vaga de tensões no comércio mundial.
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