A 12 de Agosto de 2000, o submarino nuclear russo K-141 Kursk afundou-se no Mar de Barents durante um exercício militar, provocando a morte dos 118 tripulantes a bordo. Foi uma das piores tragédias navais da era pós-Guerra Fria, deixando uma marca profunda na história marítima e militar da Rússia.
Construído nos estaleiros de Sevmash e incorporado na Marinha em Dezembro de 1994, o Kursk era um navio da classe Oscar II, com cerca de 24 mil toneladas de deslocamento quando submerso e equipado com mísseis de cruzeiro e torpedos de última geração, representando um símbolo do poderio tecnológico herdado da União Soviética. Em Agosto de 2000 participava nos exercícios navais Summer-X, no Círculo Polar Ártico, quando uma explosão interna num torpedo deu origem a uma segunda detonação muito mais potente, danificando gravemente o casco e comprometendo qualquer hipótese de salvamento rápido.
A resposta inicial da Marinha russa revelou-se tardia e controversa. Foram necessárias mais de seis horas para admitir que o submarino estava em perigo e, mesmo assim, recusou-se de início a ajuda internacional. Apenas cinco dias depois do acidente é que equipas de resgate britânicas e norueguesas receberam autorização para intervir. Descobriu-se mais tarde que 23 homens tinham sobrevivido à explosão inicial, refugiando-se no nono compartimento. Entre eles estava o tenente Dmitri Kolesnikov, que deixou uma nota descrevendo as últimas horas e o desespero da tripulação. Infelizmente, todos acabariam por sucumbir à falta de oxigénio e ao frio.
Em Outubro de 2001, uma operação complexa liderada pela empresa holandesa Mammoet conseguiu içar o casco do Kursk do fundo do mar, permitindo a recuperação de 115 corpos e a desmontagem segura dos reactores e armamento. A tragédia levantou duras críticas à actuação do governo e à gestão da crise, sendo acusados de ocultação de informação e de negligência para com as famílias das vítimas. Muitos analistas consideram que este episódio foi decisivo para moldar a forma como Vladimir Putin, então no início do seu primeiro mandato, passou a gerir a relação entre o poder político, os militares e a comunicação social.
Passados 25 anos, o naufrágio do Kursk permanece como um símbolo de falhas estruturais no sistema de segurança naval e na capacidade de resposta a emergências, ao mesmo tempo que evoca a memória de 118 homens que perderam a vida em serviço. Apesar do silêncio oficial que ainda persiste, a história do Kursk continua a ser lembrada como um alerta sobre as consequências de decisões tardias e da falta de transparência em momentos de crise.
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