sábado, 13 de julho de 2013

E que tal morar num navio de luxo?


Entre 2011 e 2012, a residência deles em alto-mar navegou pelos sete continentes, proporcionando aventuras como passear numa floresta tropical ou observar morsas nas geleiras. Se o casal decide não sair de casa, há cozinheiros disponíveis para preparar-lhes uma refeição. Ou eles podem optar por um dos seis restaurantes a uma curta caminhada do apartamento.

Os Bennets são os donos de uma das 165 residências privativas a bordo do World (Mundo), um navio luxuoso que permite aos seus residentes viver em alto-mar. Inaugurado em 2012, o World é o maior e mais velho navio residencial em actividade  Agora, dois novos concorrentes estão a caminho: o Utopia, um transatlântico com 200 apartamentos residenciais orçado em1 bilião de dólares e que segundo os empreendedores ficará pronto em três anos, e o Marquette, um navio-condomínio de 110 milhões de dólares que poderá ter até 180 unidades residenciais e vai viajar nas águas fluviais dos Estados Unidos.

Actuais e antigos moradores do World dizem que a vida num navio de luxo realiza suas fantasias de viagens - sem muitos dos incómodos  Os apartamentos são para uso exclusivo dos donos, então roupas e objectos pessoais estão sempre à mão. Os moradores também ficam conhecendo seus "vizinhos" e inúmeros eventos sociais e programas criam uma sensação de comunidade.

"Nunca fica chato", diz John Demartini, um médico aposentado e autor de livros sobre comportamento humano que há muito considera o World a sua casa. Demartini, que antes morou em Houston, no Texas, e Nova York, pagou cerca de 800.000 dólares por seu apartamento de um dormitório.

Os proprietários das unidades, que variam de coberturas com espaço para 12 pessoas, pagam uma tarifa anual de 10% a 15% do preço de compra para cobrir despesas que vão desde o salário dos funcionários até a manutenção do navio. Os moradores vêm de 19 países, dos EUA à Austrália, e têm uma idade média de 64 anos, diz uma porta-voz. Residências já foram vendidas por valores entre 700.000 e a 10 milhões de dólares, e algumas estão hoje disponíveis para revenda. Bennett não quis dizer quanto pagou por seu apartamento de um quarto.

Muitos proprietários mantêm sua residência principal no seu país de origem e usam o World como sua segunda casa. Bennett, por exemplo, é sócio e director de um escritório de advocacia de Dallas, também no Texas, onde ele e sua esposa venderam uma casa à beira de um lago e se mudaram para uma casa menor, de dois quartos, por causa de suas viagens frequentes. Mas mesmo os que moram permanentemente no navio estão sujeitos a impostos e outras obrigações legais em seus países de origem.

Bill Powers espera ser um dos primeiros residentes a bordo quando o Utopia estiver pronto para zarpar. Ele pretende comprar uma unidade de três quartos no navio, no qual os preços das residências variam de 4 milhões a 30 milhões de dólares. "Isso satisfaz meu desejo de viajar sem ter que fazer e desfazer malas, passar pela alfândega" e outros inconvenientes, diz Powers, de 55 anos, sócio e consultor de uma firma do sector financeiro.

O Utopia, cujos criadores incluem o primeiro comandante e a equipe técnica do World, está actualmente na pré-venda, diz David Robb, diretor-gerente da Frontier Group, uma firma sediada em Los Angeles que garantiu o financiamento para a construção. Potenciais compradores podem ver um modelo dos apartamentos num centro de vendas de quase 280 metros quadrados na elegante Rodeo Drive de Beverly Hills, na Califórnia. Além de 200 unidades residenciais que podem chegar a até 575 metros quadrados, os empreendedores dizem que haverá 16 unidades menores para amas e tutores. O navio deve ter também quatro restaurantes, spa, casino  lojas de luxo e uma clínica médica equipada para cirurgias cosméticas e tratamentos com células-tronco, disse Robb. A taxa anual de manutenção será de cerca de 4,5% do preço de compra.

Quase 80 compradores já assinaram ou estão negociando os contratos, disse Chris Wheeler, responsável por desenvolvimento de negócios para o Utopia.

Algumas pessoas continuam duvidando que o Utopia, que começou a ser feito em 2008 e foi pouco divulgado, vai se tornar realidade. Robb, porém, garante que o projecto vai sair. "Já passamos do ponto de retorno", diz ele. "O navio será construído."

Outros navios residenciais de luxo nunca se materializaram. O Four Seasons Ocean chegou perto em 2008, mas as vendas das suas unidades estagnaram depois das crises financeira e imobiliária nos EUA.

Enquanto isso, o Marquette que, segundo seus criadores, será o maior navio fluvial de passageiros do mundo, já recebeu módicos depósitos de US$ 1.000 por cerca de 25% das unidades planeadas no projecto de 110 milhões de dólares, disse o empreendedor David Nelson, presidente da River Cities Inc., que está desenvolvendo o navio. A construção vai começar assim que a pré-venda atingir 90%, quando os compradores terão que depositar uma quantia maior.

"Oferecemos uma maneira das pessoas viverem a bordo e navegar pelo país", diz Nelson.

O navio-condomínio, que terá até 400 residências, pretende navegar nos rios do norte dos EUA durante o verão americano e nos rios do sul durante o inverno. Ele terá campo de golfe, teatro, lojas de conveniência e hidromassagem. Os preços das unidades variam entre 305.000 dólares e 1,9 milhão de dólares, diz Nelson.

Estimar a demanda por uma casa a bordo de um navio de luxo pode ser difícil. Para alguns, o desejo de aventura pode se esgotar em alguns anos. Robert e Janet Sabes pagaram 2,8 milhões de dólares em 2002 por uma unidade de 135 metros quadrados e dois quartos no World e a venderam por cerca do mesmo preço em 2008.

"Por mais divertido que fosse, é como tudo que existe: [a excitação ] vai acabando com o tempo", disse Sabes, de 73 anos, um criador de restaurantes de Las Vegas. "Há um número limitado de lugares onde um navio pode ir. Depois que você já esteve lá, começa a se repetir."

Fonte:  The Wall Street Journal

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