O foto-jornalista Paulo Maria conta-nos a sua experiência numa expedição científica nos mares do Algarve
Embarquei no Navio de Treino de Mar 'Creoula' integrando a Campanha EMEPC/M@rBis/Algarve2013, organizada pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental.
Pensei que seria a forma ideal de passar uns dias de férias nos mares do Algarve e de desfrutar de um dos meus principais hobbies: o mergulho. Mas rapidamente percebi que não seria o caso.
O desafio é simples: acompanhar o grupo de cientistas e biólogos que vão explorar os vários locais representativos da biodiversidade marinha na costa sul de Portugal e que se dedicam a temas de estudo tão distintos como: amostragem do zoo e fitoplancton; identificação e mapeamento de habitats marinhos (projecto MESH Atlântico ); identificação de habitats de corais; recolha de dados sobre lixo e microplásticos nos fundos marinhos da costa algarvia (projeto POIZON), entre muitos outros.
Mal pude acreditar que iria desempenhar várias tarefas a bordo destinadas à guarnição, condição fundamental para todos os que integram esta campanha a bordo do 'Creoula'. Mesmo com mar chão e um pôr-do-sol que nos amarra ao bordo do convés, o tempo aqui passa a correr, sempre preenchido com actividades "lúdicas": descascar batatas na cozinha, lavar pratos na copa ou fazer parte da equipa das limpezas gerais.
Sou fotojornalista e vocaciono o meu trabalho para a indústria e desporto automóvel. Toda esta missão e comunidade ligada à ciência é nova para os meus sentidos. Deixei o pó dos troços de ralis, o ambiente dos circuitos de competição e, durante vinte dias, partilharei o espaço de convés e cobertas com 88 civis e a guarnição da marinha, que me vão assegurar um conhecimento científico mais rico sobre a biodiversidade marinha nacional.
Quero absorver toda a informação possível sobre o mar, a sua biodiversidade e recursos, bem como tentar decifrar os nomes científicos das amostras que os biólogos recolhem em cada mergulho. Para mim ainda são peixes, corais, búzios e estrelas-do-mar, mas estou convicto que, no final da Campanha, já conseguirei vociferar os nomes das principais espécies assim como da família a que pertencem, ou pelo menos das mais fotogénicas que passarem pela minha objetiva.
As minhas missões e projetos a bordo do Creoula passam por filmar os mergulhos e fotografar as espécies recolhidas em micro e macro fotografia para catalogação da biodiversidade marinha nacional.
Maravilhoso e surpreendente mundo novo!
Transformei um espaço do convés num estúdio fotográfico improvisado. Diante de mim, vão desfilando diariamente pequenos e minúsculos exemplares recolhidos pelos biólogos marinhos para catalogação e estudo a bordo. Procuro transformar a ciência em estética fotográfica ainda que sempre com o devido apoio e explicações dos biólogos sobre as características específicas de cada amostra.
Fonte: Visão
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