O maior armador mundial, a MSC, avançou com a aquisição de metade da participação na Terminal Catalunya (Tercat), operadora do terminal de contentores BEST, em Barcelona. Esta infraestrutura, responsável por cerca de 70% da movimentação de contentores no porto catalão, passa agora a ter gestão partilhada entre a MSC – através da sua subsidiária Terminal Investment Limited (TiL) – e a Hutchison Ports, que detinha o controlo exclusivo desde 2006.
O acordo entre as duas empresas foi formalizado em julho de 2024, e recebeu agora o aval da Autoridade Portuária de Barcelona, após meses de negociações relacionadas com garantias operacionais e de governação. Falta apenas a aprovação por parte das autoridades europeias para que o negócio seja oficialmente concluído.
Para assegurar a neutralidade e a abertura do terminal a outros operadores, foram definidas várias condições que visam evitar conflitos na gestão e assegurar o acesso equitativo ao terminal. A entrada da MSC inclui também compromissos operacionais e mínimos de tráfego, o que reforçará a actividade da instalação nos próximos anos.
Este movimento insere-se numa estratégia mais ampla da MSC para aumentar a sua autonomia logística e capacidade portuária, num contexto em que se intensifica a competição global entre alianças de transporte marítimo. A crescente presença da MSC em terminais estratégicos como os de Roterdão, Alexandria e agora Barcelona reflecte a ambição da empresa em assegurar maior controlo sobre a sua rede de operações, especialmente após o fim da aliança 2M com a Maersk.
Para Portugal, nomeadamente para o seu maio porto, em Sines, este desenvolvimento pode representar um desafio adicional. A crescente consolidação da MSC em portos mediterrânicos como Barcelona pode redirecionar fluxos logísticos e reforçar a atratividade do eixo do sul de Espanha para serviços de transbordo e ligação intercontinental. Sines, que tem apostado na captação de tráfego global e na expansão do terminal Vasco da Gama, poderá ver-se pressionado a acelerar investimentos e reforçar parcerias para manter a sua competitividade no cenário ibérico.
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