quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Estudo com dados relevantes para o futuro da conservação do atum rabilho do Atlântico


Os esforços de conservação para o atum rabilho, um recurso de alto valor no mercado, apontam para um futuro mais optimista e promissor para a espécie. No entanto, conhecimentos adicionais sobre a biologia desta espécie icónica são essenciais para estabelecer planos de gestão eficientes e sustentáveis que antecipem possíveis alterações na abundância e/ou distribuição.

Neste contexto, o Centro Tecnológico AZTI, especializado em pesquisa marinha e alimentar, liderou um estudo genético com mais de 500 indivíduos provenientes dos principais locais de desova do atum rabilho do Atlântico. O objectivo do estudo, cujos resultados foram recentemente publicados na prestigiosa revista Molecular Ecology, era determinar o número de populações geneticamente distinguíveis de atum rabilho e a sua conectividade, incluindo, pela primeira vez, um terceiro local de desova descoberto em 2016 no nordeste dos Estados Unidos.

"Durante todos esses anos, assumimos que o atum rabilho, apesar da sua capacidade de realizar grandes migrações no Oceano Atlântico, permanece fiel à desova na mesma área onde nasceu. No entanto, actividade de desova foi recentemente detectada numa área ao largo da costa nordeste dos Estados Unidos que não tinha sido incluída em estudos genéticos anteriores e cuja origem era desconhecida", afirma Natalia Díaz-Arce, investigadora de genética de pesca no AZTI.

Esta foi, portanto, a primeira análise genética do atum rabilho do Atlântico a incluir todos os locais de desova conhecidos, com o desafio de determinar a origem dos indivíduos que desovam no nordeste dos Estados Unidos e actualizar as informações sobre as populações de peixes.

Homogeneização genética do atum rabilho do Atlântico O estudo mostrou que a área de desova ao largo da costa nordeste dos Estados Unidos é utilizada por atuns provenientes do Mediterrâneo e do Golfo do México. Além disso, pela primeira vez, adultos de origem mediterrânea foram observados desovando no Golfo do México. A pesquisa também identificou vestígios do genoma do atum albacora no genoma do atum rabilho do Mediterrâneo, sugerindo uma hibridização antiga entre as duas espécies.

"Assim como os humanos têm uma pequena percentagem de DNA Neandertal, o atum rabilho do Mediterrâneo também carrega no seu genoma uma marca genética de uma espécie intimamente relacionada, o atum albacora", explica Díaz-Arce. Os indivíduos da terceira área de desova analisada pela equipe da AZTI mostram características genéticas intermediárias e também carregam esses vestígios do atum albacora.

"Essas descobertas mostram que o que se pensava serem duas populações reprodutivamente isoladas (aquelas que desovam no Mediterrâneo e no Golfo do México, respectivamente), embora tendam a retornar à área onde nasceram, não estão apenas conectadas demograficamente, mas também se misturam no local de desova no nordeste dos Estados Unidos", enfatiza ela.

Esses resultados fornecem informações essenciais sobre a conectividade das populações de atum rabilho, que podem ser usadas para desenvolver estratégias de gestão que garantam a exploração e conservação da espécie. Além disso, a descoberta da conectividade do Mediterrâneo com as outras duas áreas de desova pode ter futuras implicações, como a homogeneização genética de todo o atum rabilho em todo o mundo e um impacto na resistência do atum rabilho a mudanças ambientais.

O projecto, que será concluído em 2023, recebeu financiamento do Governo Basco por meio do projeto GENGES e apoio para a formação de pessoal de pesquisa e tecnologia, bem como da Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), responsável pela gestão do atum rabilho do Atlântico, por meio do seu "Programa de Pesquisa Abrangente para Atum Rabilho em Todo o Atlântico" (GBYP).

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