quinta-feira, 20 de julho de 2023

A inovação inspirada no Kitesurf chega ao transporte marítimo


No segmento dos desportos aquáticos, o kitesurf combina surf, windsurf e voo livre. Os praticantes utilizam uma prancha de surf e são impulsionados pelo vento através de uma pipa, chamada kite. E é praticado em praias e locais com ventos consistentes, permitindo manobras acrobáticas e velocidade. 

Esta tecnologia de pipa, utilizada no kitesurf para alcançar altas velocidades e realizar manobras aéreas desafiadoras, proporcionando uma experiência emocionante aos praticantes, agora inspira a ciência para revolucionar o transporte marítimo. 

indústria naval precisa encontrar alternativas aos combustíveis fósseis devido à necessidade de reduzir as emissões de carbono e combater o aquecimento global. As metas progressivas de redução estabelecidas pela Organização Marítima Internacional (OMI) são de pelo menos 20% de redução até 2020 e pelo menos 70% até 2040 em comparação com os níveis de emissão de 2008. Além disso, a OMI estabeleceu a meta de emissões líquidas zero até "perto de 2050".

Neste momento, empresas francesas estão explorando uma ideia interessante, que é a adopção de tecnologias como da pipa utilizada no kitesurf para impulsionar embarcações e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A saber, esse tipo de tecnologia poderia reduzir o consumo de combustível em média em 20% e tem potencial para ser aplicada em uma ampla gama de embarcações.

A expectativa é que o mercado de velas de pipa para embarcações possa valer quatro bilhões de euros até 2030, com cerca de 1.400 embarcações equipadas com essa tecnologia. Empresas como Beyond The Sea e Airseas estão realizando testes e desenvolvendo sistemas de pipa de maior porte para impulsionar navios maiores, contribuindo para a redução das emissões de carbono na indústria naval.

Parace que, de facto, a tecnologia de pipa do kitesurf adaptada tem o potencial de revolucionar o sector marítimo em termos de redução de consumo de combustível e emissões de carbono. A ideia é aplicar a mesma tecnologia de vento para impulsionar embarcações, desde iates até navios de carga, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

A startup Beyond The Sea, por exemplo, testou uma vela inflável num catamarã na Baía de Arcachon, no sudoeste da França. Utilizando um sistema de tração automatizado com guinchos e inteligência artificial, a pipa de 25 metros quadrados foi controlada para ajustar a posição da vela de acordo com as condições do vento.

De acordo com Yves Parlier, fundador da Beyond The Sea, o potencial desse sistema é enorme, considerando que existem quase 100.000 navios mercantes e 4,6 milhões de barcos de pesca em todo o mundo. Outra empresa francesa, a Airseas, também da França, sediada na cidade de Nantes, está testando uma pipa ainda maior. Já a associação Wind Ship, de Londres, prevê que o mercado de velas de pipa poderia valer quatro bilhões de euros até 2030, com cerca de 1.400 embarcações equipadas com essa tecnologia.

Por hora, a Beyond The Sea planeia realizar testes futuros com as suas velas de pipa especialmente projectadas na Noruega, Japão e no Mediterrâneo. A empresa espera dobrar o tamanho de suas velas a cada ano, chegando a 800 metros quadrados em quatro anos. Esses esforços visam justamente atender às metas estabelecidas pela Organização Marítima Internacional.

Em Arcachon, a startup Beyond The Sea usou uma vela insuflável azul do tamanho de um pequeno estúdio para puxar um catamarã especialmente projectado pela água. A vela foi controlada por um sistema de tração automatizado no catamarã SeaKite, que utilizou guinchos e IA para ajustar a posição da vela. Esse teste deve inspirar o desenvolvimento de velas de pipa ainda maiores pela empresa.

Já empresa Airseas testou uma pipa com 500 metros quadrados e já equipou um navio graneleiro da empresa japonesa K. Line, além de um navio ro-ro que transporta equipamentos para aviões A320 entre o porto francês de Saint-Nazaire e o porto de Mobile, no sul dos EUA no Alabama. Nos planos da empresa está, sobretudo, o desenvolvimento e refinação do sistema Seawing.

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