sexta-feira, 30 de junho de 2023

Grande Ilha de Lixo do Pacífico é tão grande que já tem um ecossistema.


No norte do Oceano Pacífico, uma quantidade enorme de lixo, do tamanho do Amazonas, fica concentrada. A chamada Grande Ilha de Lixo do Pacífico é a maior acumulação de plástico oceânico do mundo. Ela forma-se no ponto de encontro de cinco enormes correntes oceânicas que arrastam lixo para o centro e o prendem lá.

O nome pode enganar: A área não é uma grande montanha de lixo no meio do oceano. A mancha é mais dispersa e formada principalmente por microplásticos, que passam despercebidos por satélites. Quem navega pela região, porém, consegue perceber que ela tem uma concentração particular de lixo.

Um novo estudo, publicado na revista Nature Ecology & Evolution, revelou que dezenas de espécies organismos invertebrados, normalmente vistos nas regiões costeiras, conseguiram sobreviver e reproduzir-se naquele plástico flutuante. Ao contrário do material orgânico, que se decompõe ou afunda, plásticos podem flutuar nos oceanos por muito mais tempo. 

A descoberta sugere que a poluição plástica no mar pode permitir que novos ecossistemas abriguem espécies que normalmente não sobreviveriam nessa condição. 

Os investigadores examinaram 105 itens de plástico pescados na Grande Mancha de Lixo do Pacífico. Identificaram 484 organismos invertebrados marinhos nos detritos, de 46 espécies diferentes, das quais 80% eram normalmente encontradas nos habitats costeiros. Além disso, eles ainda encontraram muitas espécies de oceano aberto. 

“Em dois terços dos escombros, encontramos as duas comunidades juntas, competindo por espaço, mas muito provavelmente interagindo de outras maneiras”, afirma Linsey Haram, principal autora do estudo.

De acordo com a autora, as consequências da chegada de espécies invasoras nas áreas remotas do oceano ainda são um mistério. “Provavelmente há competição por espaço, porque o espaço é escasso em mar aberto, provavelmente há competição por recursos alimentares – mas eles também podem estar comendo uns aos outros”, afirma. “É difícil saber exatamente o que está acontecendo, mas vimos evidências de algumas das anêmonas costeiras comendo espécies de oceano aberto, então sabemos que há alguma de acção predação acontecendo entre as duas comunidades.” 

Também é incerto como as criaturas chegaram até lá, provavelmente tenham pegado boleia em algum pedaço de lixo. O facto é que elas estão a reproduzir-se num tipo de ambiente que não era o habitual, e essas aventuras ao mar podem “alterar fundamentalmente” as comunidades oceânicas, segundo os investigadores. 

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