Uma nova espécie de peixe, semelhante a uma piranha, e que viveu há 150 milhões, no período Jurássico, é descrita na última edição da revista científica Current Biology. O peixe ósseo – portanto, que não é cartilaginoso – chamado Piranhamesodon pinnatomus tinha dentes como uma piranha, pelo que os cientistas referem que a espécie os utilizava como hoje fazem as piranhas: para arrancar pedaços de carne de outros peixes. É quase como se estivéssemos a assistir a um filme de terror nos mares do Jurássico.
O Piranhamesodon pinnatomus tinha cerca de nove centímetros
de comprimento e vivia em recifes de coral em águas superficiais e tropicais na
actual Baviera, na Alemanha. Alimentavam-se de pedaços de outros peixes.
Essa ideia surgiu, refere o artigo científico, porque os
investigadores encontraram as vítimas dessas “piranhas”: peixes que terão sido
mordidos. Estas vítimas foram encontradas nos mesmos depósitos de calcário do
Sul da Alemanha, na pedreira de Etting, na região de Solnhofen (Baviera) do que
o Piranhamesodon pinnatomus. Esta é a mesma pedreira onde já foi encontrado o
Archaeopteryx.
O investigador considerou que há um “paralelismo incrível”
entre esse peixe e as actuais piranhas, que se alimentam predominantemente de
barbatanas de outros peixes e não de carne. “É uma decisão extremamente
inteligente, pois as barbatanas voltam a crescer, são um recurso renovável. Alimente-se
de um peixe e ele está morto, morda-lhe as barbatanas e tem comida para o
futuro”, referiu ainda David Bellwood.
Ao estudarem cuidadosamente as mandíbulas bem preservadas da
espécie fossilizada, esta revelou ter dentes longos e pontiagudos na zona da
frente do maxilar superior e inferior. Além disso, no maxilar inferior tinha
dentes triangulares em forma de serrilha nas extremidades. O padrão e a forma
dos dentes, a morfologia dos maxilares e a sua mecânica sugerem assim que o
Piranhamesodon pinnatomus tinha uma boca equipada para cortar carne ou
barbatanas, segundo a equipa de cientistas.
“Ficámos impressionados que estes peixes tivessem dentes semelhantes a piranhas”, disse Martina Kolbl-Ebert, também autora do trabalho e do Museu do Jura (na cidade de Eichstatt, na Baviera), onde estão expostos os fósseis da pedreira de Etting. A responsável acrescentou que o peixe em questão provém de um grupo de peixes, os picnodontídeos, conhecidos por terem dentes fortes.
“É como encontrar uma
ovelha que rosna como um lobo. Mas o que é mais impressionante é que era do
período Jurássico. Peixes como nós os conhecemos, peixes ósseos, simplesmente
não mordiam a carne de outros peixes nessa altura”, assinalou Martina
Kolbl-Ebert, explicando que ao longo do tempo houve peixes que se alimentaram
de outros peixes, que os engoliam inteiros, mas que morder as barbatanas só
aconteceu muito mais recentemente.
Os cientistas destacam ainda que este é o peixe ósseo mais
antigo encontrado até agora. “A nova descoberta representa o registo mais
antigo de um peixe ósseo que mordia os outros peixes, e mais do que isso
fazia-o no mar”, considerou por sua vez David Bellwood, lembrando que as
piranhas de hoje vivem apenas em água doce. Embora tenha parecenças com as
piranhas, não conhecemos antepassados do Piranhamesodon pinnatomus. Afinal, a
piranha (a autêntica) mais antiga que conhecemos viveu há cerca de 15 milhões
de anos.
Fonte: Público
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