O porto de Lisboa é uma grande infraestrutura europeia de orientação atlântica, cuja centralidade geo-estratégica lhe confere um estatuto de relevo nas cadeias logísticas do comércio internacional e nos principais circuitos de cruzeiros. O porto é líder nacional no movimento de navios e ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de movimentação de carga contentorizada e de granéis sólidos agro-alimentares. Estes dois tipos de mercadorias colocam o porto de Lisboa a par dos principais portos ibéricos.
O Porto de Lisboa é um porto multifuncional. Quais são as suas principais áreas de negócio?
O Porto de Lisboa é há muitos séculos a principal infraestrutura de abastecimento da maior Área Metropolitana nacional, local de entrada e partida de pessoas e bens, disponibilizando uma vasta oferta de cais para passageiros, terminais para mercadorias, e espaços para o desporto e recreio náutico. É um porto de proximidade, virado para as cidades, para a satisfação das necessidades dos seus agentes económicos, e para a qualidade de vida das pessoas.Pode ser usado 24 horas por dia, 365 dias por ano, e o seu principal canal de acesso, com fundos de -16,5 m ZH, oferece as melhores condições de navegação aos navios de grande dimensão. Actualmente as principais áreas de negócio são as decorrentes da necessidade de movimentação de diferentes tipos de carga (contentorizada, fracionada, granéis sólidos e líquidos)e os Cruzeiros: terminais e logística associada. Por ser um porto estuarino tem terminais nas duas margens do rio. Na margem Norte está concentrada a movimentação de carga contentorizada, e os granéis agroalimentares (granéis sólidos), a maioria da carga fraccionada, incluindo o tráfego ro-ro e de cruzeiros. Na margem Sul estão localizados diversos terminais especializados nos granéis líquidos e sólidos. Localizam-se na área do porto de Lisboa dezenas de outras infraestruturas e áreas de apoio às actividades industriais, à pesca, à construção e reparação naval, à náutica de recreio e práticas lúdico-desportivas de carácter náutico.
A centralidade geo-estratégica e o fato de estar na intersecção das principais rotas marítimas mundiais, torna o Porto de Lisboa mais competitivo?
É um facto que a localização geoestratégica do porto de Lisboa, na intersecção das principais rotas marítimas mundiais, potencia a sua competitividade. Mas é um porto que se encontra também fortemente ancorado na malha urbana que serve e que, por isso, se propõe ser um parceiro das empresas portuguesas, permitindo-lhes aceder aos diferentes mercados mundiais com os menores custos e os menores tempo de trânsito. Numa perspectiva do comércio mundial visa constituir-se como um Hub atlântico no transporte de mercadorias de, e para, os países africanos e da América do sul. Consideramos, contudo que competitividade de um porto moderno não tem que ver exclusivamente com a sua localização, existindo outros factores, igualmente relevantes, como a fluidez dos processos do despacho dos navios e mercadorias, a qualidade das infraestruturas existentes e a organização das cadeias logísticas onde o porto se insere. No que se refere ao despacho de navios o porto de Lisboa oferece um sistema de janela única portuária onde todos os agentes e autoridades usam uma plataforma informática comum o que permite um despacho de navios fácil, rápido e transparente. Disponibilizamos também dos mais modernos sistemas de segurança e protecção das instalações portuárias, do controlo de tráfego marítimo, da prevenção e do combate à poluição das actividades portuárias e de navios.
Ao nível da movimentação de cargas, quais são os principais clientes e quais as estratégias para este segmento do mercado?
O porto de Lisboa tem implementado na sua plenitude o modelo de LandLord Port, sendo a movimentação de cargas e a maior parte dos serviços portuários efectuados por empresas privadas, competindo à APL zelar pelo bom desempenho e pela qualidade dos serviços prestados, numa interacção permanente com os diversos stakeholders. Somos um porto de proximidade da maior região económica portuguesa pelo que temos como clientes as principais empresas exportadoras nacionais, bem como no âmbito da importação as maiores cadeias.
De que forma o Porto de Lisboa contribui para o aumento das exportações portuguesas?
Temos como missão ser um parceiro estratégico das empresas nacionais no esforço que desenvolvem para promover o aumento das exportações pelo que mantemos uma politica de porta aberta para todos os agentes económicos que nos procuram, disponibilizando informação, e serviços de elevada qualidade. Com o objectivo de contribuir para a redução dos custos de transporte promovemos, de acordo com a orientação do Governo, uma redução de 70% na taxa de utilização do porto ao nível da carga, além da redução de 10% na mesma taxa que efectuámos em Novembro de 2012.
O Porto de Lisboa foi nomeado pela 4ª vez consecutiva como melhor porto de cruzeiros da Europa. Como encaram essa nomeação?
É com grande satisfação que tivemos conhecimento desta nomeação que consolida a nossa posição como grande porto europeu de cruzeiros e que é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do cuidado e profissionalismo dos trabalhadores do porto de Lisboa no exercício das suas diferentes funções. A nomeação do Porto de Lisboa para os World Travel Awards constitui ainda uma forma de promover este porto junto da indústria do turismo em geral, e da indústria dos cruzeiros em particular. A APL vem trabalhando em parceria com todos os intervenientes na actividade de cruzeiros, e o objectivo é comum: potenciar o Porto de Lisboa, Lisboa e o nosso país como um destino de cruzeiros de excelência.
O que leva a que o Porto de Lisboa seja cada vez mais procurado para turismo de cruzeiros?
A qualidade do serviço que oferecemos, desde as condições portuárias como a hospitalidade de todos os agentes é sem dúvida um dos traços diferenciadores da nossa oferta. A notoriedade resulta também de uma estratégia bem sucedida de promoção que temos vindo a realizar com a participação nos maiores certames internacionais ligados ao turismo de cruzeiros, onde são divulgadas as condições que oferecemos para a recepção deste tráfego, tanto ao nível das instalações portuárias como ao nível do que a cidade e a região podem oferecer aos turistas que chegam por via marítima. Importa ainda não esquecer que Lisboa, a cidade de Lisboa, é também destino em que o turismo tem vindo a crescer significativamente. E entrar em Lisboa, no estuário do Tejo, por mar é uma perspectiva da cidade inesquecível.
Para além do turismo de cruzeiros, que actividades podemos encontrar no Porto de Lisboa?
O turismo de cruzeiros tem vindo a assumir uma visibilidade cada vez maior, o que se compreende dado que todos os anos temos vindo a registar um maior número de visitantes. Este ano esperamos receber cerca de 560 mil passageiros. No entanto, não podemos esquecer que o porto de Lisboa é um dos principais portos de graneis alimentares da península ibérica, e o maior nacional, e que fomos até há pouco tempo o maior porto de movimentação de contentores de e para o território nacional. A actividade de carga contentorizada tem, de resto, vindo a registar um crescimento muito expressivo, em especial se tivermos em conta a diminuição do consumo nos últimos anos, e que tem sido suportada pelo aumento dos produtos exportados.
Qual o peso e a importância do porto no desenvolvimento socioeconómico da região?
O porto de Lisboa foi seguramente o principal factor de desenvolvimento da cidade de Lisboa, por constituir um local de abrigo seguro e de fácil manobra, para as embarcações que vindas do mediterrâneo se dirigiam para norte. Recordo que existem registos de actividade no porto de Lisboa há 43 séculos. De acordo com dados muito recentemente divulgados pela Comissão Europeia os portos serão responsáveis por cerca de 5% do PIB.
Para o futuro, qual será a aposta da APL?
O futuro da APL passará precisamente pela aposta no reforço das vantagens competitivas do Porto de Lisboa naqueles que são os seus segmentos estratégicos. É neste âmbito que surgem os projectos relativos ao novo terminal de contentores do Tejo Sul, na zona da Trafaria – que permitirá aumentar a capacidade de criação de valor para os agentes económicos nacionais, nomeadamente em termos de exportações –, bem como a construção da nova Gare de Passageiros de Lisboa e a concessão da Marina do Tejo. Com a construção da Gare de Passageiros será possível aumentar a qualidade do serviço prestado aos passageiros dos navios de cruzeiro e, como tal, tornar Lisboa um destino ainda mais procurado por este mercado, o que revela um significativo potencial de crescimento e que se enquadra num sector chave para o desenvolvimento da economia nacional.
Por sua vez, a Marina do Tejo irá dotar o Porto de Lisboa das condições necessárias para acolher os megaiates, bem como os principais eventos náuticos internacionais, consolidando assim a existência de um cluster náutico no estuário do Tejo, para além de viabilizar a requalificação urbana daquela zona. Todos estes projectos têm como denominador comum a perspectiva de que o Porto de Lisboa, como porto de proximidade, é uma infraestrutura económica fundamental para o desenvolvimento socioeconómico da região e do País, orientado para dar resposta às necessidades do mercado e dos seus diversos clientes, contribuindo para a geração de um efeito multiplicador ao nível do investimento e da criação de emprego e para a melhoria do bem-estar das populações. Temos razões para encarar com muito optimismo as grandes apostas estratégicas do Governo no Porto de Lisboa, as quais certamente trarão benefícios a médio e longo prazo, quer para o sector, quer para as comunidades ribeirinhas.
Fonte: Revista Negócios Portugal.
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