Recentemente, o Centro de Excelência de Defesa Cibernética Cooperativa da NATO (CCDCOE) publicou um briefing intitulado “Addressing State‑Linked Cyber Threats to Critical Maritime Port Infrastructure”, que alerta para o aumento de ataques cibernéticos direccionados à infraestrutura portuária crítica na Europa e na região do Mediterrâneo. Os dados recolhidos indicam que quase todos os países inquiridos sofreram ataques nos últimos cinco anos, com os sistemas de controlo de acesso e de gestão do tráfego marítimo identificados como os principais alvos. Uma proporção significativa desses ataques foi atribuída a agentes estatais com ligações à Rússia, ao Irão e à China.
O relatório salienta que os portos enfrentam múltiplas formas de ataque, incluindo ameaças persistentes avançadas (APT), cibercriminosos com motivações financeiras e hacktivistas com causas políticas. As tácticas utilizadas – como ataques de negação de serviço (DDoS), violação de dados, phishing, malware e ransomware – mostram uma preocupante uniformidade geográfica, com as mesmas técnicas aplicadas na Europa, nas Américas e na região Ásia-Pacífico.
Além disso, o estudo aponta lacunas significativas nas actuais políticas e estruturas de segurança. A Estratégia Marítima da NATO de 2011 carece de actualização para enfrentar estas ameaças emergentes, não prevendo mecanismos eficazes de envolvimento dos operadores portuários civis, que desempenham um papel essencial na segurança marítima e logística da Aliança. A crescente interdependência entre as funções civil e militar nos portos dificulta a coordenação efectiva entre sectores.
As infraestruturas portuárias dependem fortemente de sistemas energéticos, que se revelam particularmente vulneráveis a ciberataques capazes de comprometer tanto a logística civil como a militar. A exigência de uma abordagem multinível para a cibersegurança portuária é clara – e deve estar integrada na estratégia marítima da NATO.
Em resposta, o CCDCOE apresenta recomendações concretas: é necessária uma revisão da actual estratégia marítima da NATO, a criação e participação activa em redes estruturadas de partilha de inteligência sobre ameaças, o estabelecimento de papéis de ligação dedicados e mecanismos de coordenação, bem como a constituição de grupos de trabalho específicos para a cibersegurança marítima.
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