Os valores praticados no transporte marítimo de contentores registaram, pela quinta semana consecutiva, uma descida, segundo dados do World Container Index da Drewry, que apontam para uma redução de 2,6% face à semana anterior. Este abrandamento contínuo do mercado surge após um período de forte instabilidade provocado pela imposição de novas tarifas aduaneiras, cujo efeito parece agora diluir-se gradualmente.
O aumento das tarifas anunciado pelos Estados Unidos em Abril provocou uma reacção imediata no sector, com os preços a subirem de forma acentuada a partir de Maio e ao longo do início de Junho. No entanto, desde meados desse mês, o mercado inverteu a tendência, com as taxas a recuarem de forma persistente, sinal de que o impacto inicial das medidas proteccionistas foi pontual e não sustentado.
As rotas transpacificas foram particularmente atingidas nos últimos dias. Os fretes entre Xangai e Los Angeles caíram 4%, fixando-se nos 2.817 dólares (cerca de 2.595 euros) por FEU, enquanto o percurso Xangai–Nova Iorque registou uma queda de 6%, descendo para 4.539 dólares (aproximadamente 4.180 euros) por FEU. Apesar destas reduções, os valores actuais mantêm-se ainda acima dos níveis observados antes do anúncio das tarifas: mais 4% no caso de Los Angeles e 24% no de Nova Iorque, em comparação com os dados de 8 de Maio.
De acordo com os analistas da Drewry, a tendência descendente deverá manter-se nas próximas semanas, impulsionada por uma procura fraca. A última edição do relatório Container Forecaster antecipa um agravamento do desequilíbrio entre a oferta e a procura durante o segundo semestre de 2025, o que poderá acentuar ainda mais a pressão sobre as tarifas no mercado spot.
A incerteza, contudo, permanece elevada. O comportamento futuro das taxas dependerá, em larga medida, de dois factores principais: a eventual imposição de novas tarifas adicionais por parte da administração Trump e as possíveis alterações na capacidade resultantes das penalizações previstas contra navios de bandeira chinesa.
Este novo ciclo de descida surge num contexto de grande instabilidade na política comercial norte-americana, marcada por decisões imprevisíveis e alterações de calendário nas medidas tarifárias. A introdução de tarifas “recíprocas” foi entretanto adiada para 1 de Agosto, o que contribui para a incerteza geral no sector. Paralelamente, cresce a preocupação entre os operadores quanto ao risco de sobrecapacidade na oferta de transporte de contentores, um cenário que poderá agravar ainda mais a pressão descendente sobre os preços nos próximos meses.
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