A transportadora marítima francesa CMA CGM, detida pela família Saadé e com sede em Marselha, alcançou recentemente uma capacidade operacional de quatro milhões de TEU, posicionando-se de forma competitiva para se aproximar — ou mesmo ultrapassar — a dinamarquesa Maersk, cuja frota se cifra actualmente nos 4,6 milhões de unidades. Esta evolução representa uma progressão notável no percurso da companhia, que multiplicou por quatro a sua dimensão nos últimos dezasseis anos: em Junho de 2009 alcançava o primeiro milhão de TEU, em 2016 atingia os dois milhões, e em 2021 somava já três milhões.
Desde a sua fundação em 1978, a trajectória de crescimento da CMA CGM combinou desenvolvimento orgânico com uma estratégia intensiva de aquisições, sendo esta última a via predominante. Entre as operações de maior relevância constam a compra da transportadora estatal CGM em 1996, da australiana ANL em 1998, da Delmas — especializada em rotas com África Ocidental — em 2005, e da norte-americana APL em 2016. O grupo reforçou ainda a sua presença em diversos mercados regionais através da aquisição de companhias como a britânica MacAndrews (2002), a cingapuriana Cheng Lie Navigation (2007), a US Lines (EUA, 2007), a marroquina Comanav (2007), a alemã OPDR (2014), a brasileira Mercosul Line (2017), a neozelandesa Sofrana Unilines (2017) e a também alemã Containerships (2018).
Actualmente, a frota da CMA CGM é composta por 683 navios porta-contentores, entre unidades próprias e afretadas, com capacidades que vão desde pequenos alimentadores de 125 TEU até colossos da nova geração com quase 24.000 TEU, como o emblemático Jacques Saadé, propulsionado a gás natural liquefeito. Para além da frota operacional, a empresa conta com uma carteira de encomendas que abrange mais 95 navios, totalizando cerca de 1,5 milhões de TEU adicionais — o segundo maior volume contratado do sector, apenas superado pela MSC.
As encomendas incluem doze navios de classe megamax com capacidade de 24.000 TEU e mais de trinta unidades de 19.000 TEU, todos movidos a GNL, reflectindo uma aposta clara na modernização e sustentabilidade da frota. Com esta expansão planeada, a CMA CGM encontra-se em posição de disputar o segundo lugar do pódio global, dado que a Maersk já fez saber, em várias ocasiões, que não pretende ampliar significativamente a sua capacidade actual. Os 682.000 TEU contratados pela transportadora dinamarquesa visam essencialmente substituir navios mais antigos, segundo nota do próprio armador.
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