sexta-feira, 20 de junho de 2025

“Tubarão” faz 50 anos: O clássico que mudou Hollywood.


Em junho de 1975, um jovem cineasta de apenas 27 anos chamado Steven Spielberg lançou um filme que não apenas aterrorizou banhistas ao redor do mundo, mas também reinventou a indústria cinematográfica.

Tubarão (Jaws), completa 50 anos, é mais do que um thriller sobre um predador letal — é o nascimento do blockbuster moderno, o filme que mudou para sempre a forma como o cinema é feito, lançado e lembrado. Baseado no livro homónimo de Peter Benchley, Tubarão conta a história do chefe de polícia Martin Brody, interpretado por Roy Scheider, que tenta proteger a fictícia cidade litorânea de Amity Island de um gigantesco tubarão-branco assassino. Para enfrentar a ameaça, une-se ao biólogo marinho Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e ao caçador de tubarões Quint (Robert Shaw), partindo para o mar aberto numa caçada tensa e cada vez mais desesperada. A trama simples é elevada por actuações marcantes, direção precisa e um suspense crescente que prende do início ao fim.

O filme teve uma produção notoriamente complicada. As filmagens, originalmente planeadas para durar 55 dias, duraram por mais de 150, em parte devido aos constantes problemas técnicos com o tubarão mecânico apelidado de “Bruce”. As falhas da criatura forçaram Spielberg a inovar: ao invés de mostrar o monstro em detalhes, ele decidiu insinuar a sua presença por meio de movimentos de câmara, reações dos personagens e, sobretudo, da banda sonora magistral de John Williams. Composta a partir de apenas duas notas graves repetidas, a música tornou-se um ícone do cinema e um símbolo universal de tensão iminente.

O que era limitação virou virtude: o medo do invisível foi mais poderoso do que qualquer efeito visual. O impacto de Tubarão foi avassalador. Foi o primeiro filme a ser lançado com uma campanha publicitária massiva para televisão e em centenas de salas simultaneamente, criando o conceito moderno de “blockbuster de verão”. Em pouco tempo, tornou-se o filme de maior bilheteira da história até então, arrecadando mais de 470 milhões de dólares no mundo todo — o equivalente a cerca de 2 bilhões actualmente, ajustado pela inflação.

O sucesso estrondoso consolidou Spielberg como um dos grandes nomes do cinema e abriu caminho para a era dos grandes lançamentos que dominam a indústria até hoje. Mas o impacto de Tubarão foi além da bilheteira. Ele afectou o comportamento do público, criando um medo real e duradouro de tubarões. Em algumas regiões, o turismo em praias chegou a cair. Frases do filme, como o célebre “You’re gonna need a bigger boat”, entraram para o vocabulário popular.

O seu legado cinematográfico é vasto: influenciou directores como James Cameron, Ridley Scott e Jordan Peele, além de inspirar incontáveis filmes sobre predadores — do mar, da terra e até do espaço. O filme rendeu três continuações, nenhuma dirigida por Spielberg, além de livros, documentários, paródias e homenagens. Em 2001, foi selecionado para preservação pelo National Film Registry dos Estados Unidos como uma obra “cultural, histórica e esteticamente significativa”. Os seus efeitos práticos continuam impressionando, e sua construção de tensão é estudada até hoje como uma aula de direção. Hoje, aos 50 anos, Tubarão permanece assustador, relevante e poderoso. É um daqueles filmes que não envelhecem, pois tocam em medos primitivos e usam a linguagem do cinema com precisão e elegância. É impossível ouvir as duas notas da trilha de John Williams sem sentir um arrepio, mesmo após meio século. Tubarão não é apenas um marco na história do cinema; é um fenómeno cultural que nos lembra que, sob a superfície calma, sempre pode haver algo à espreita.

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