domingo, 19 de janeiro de 2025

Cessar-fogo não garante regresso dos armadores ao Mar Vermelho


O acordo de cessar-fogo poderá não ser suficiente para que os grandes armadores retomem a navegação no Canal do Suez, e consequentemente no Mar Vermelho, a curto prazo, avança o Sourcing Journal. O O acordo interrompe 15 meses de ataques na Faixa de Gaza e permitindo também a libertação de reféns israelitas e dezenas de prisioneiros palestinianos.

O armador alemão Hapag-Lloyd ainda não se comprometeu com o regresso ao Mar Vermelho, uma vez que continuam os ataques com drones e mísseis por militantes Houthis baseados no Iémen, banhado pelo Mar Vermelho, e no vizinho Golfo de Aden, que começaram em novembro de 2023.

"Vamos analisar de perto os últimos desenvolvimentos e o seu impacto na situação de segurança no Mar Vermelho. De resto, mantém-se inalterado o seguinte: regressaremos ao Mar Vermelho quando for suficientemente seguro fazê-lo», detalhou um porta-voz da Hapag-Lloyd. Mesmo que se verifique um cessar-fogo, a transportadora tem mostrado cepticismo quanto ao regresso àquelas águas. Em junho do ano passado, a Hapag-Lloyd disse que uma trégua imediata "não significa que os ataques dos Houthis parem logo" e que seriam necessárias pelo menos quatro a seis semanas após o cessar-fogo para reorganizar os horários e retomar a normalidade."

Peter Sand, analista-chefe da Xeneta, ( plataforma de benchmarking de cargas ), explicou que voltar ao Mar Vermelho é algo que está "definitivamente mais perto do que há algumas semanas", mas que "precisamos de uma passagem realmente segura, como era antes de os Houthis começarem a apreender navios em 2023. Ainda há uma distância entre onde estamos e uma restauração absoluta" do transporte marítimo através do Canal do Suez.

Com o início destes ataques, a maior parte das grandes armadores globais passou a evitar o canal, optando por viajar à volta do Cabo da Boa Esperança, o que implicou uma viagem de mais uma ou duas semanas. De acordo com dados do Project44, plataforma de optimização de cadeias, os envios do Sudeste Asiático para a Costa Leste dos EUA levam agora 47% mais tempo do que no início da crise no Mar Vermelho, os tempos de entrega para a Europa aumentaram 33% e os tempos de trânsito da China para a Europa subiram 25%.

Os rebeldes Houthis, apoiados pelo Irão, justificam os ataques como um protesto contra as ofensivas de Israel e um apoio ao povo palestiniano, afirmando que "continuarão até que a agressão cesse e o cerco à Faixa de Gaza seja levantando", refere Yahya Saree, porta-voz das forças armadas dos Houthis. Contudo, ainda não está claro se o grupo vai mesmo parar os ataques com a implementação do cessar-fogo. Mohammed Abdul Salam, também porta-voz do grupo rebelde, relembra, através de uma publicação no X (antigo Twitter), que "não haverá uma verdadeira paz para a região a não ser com o desaparecimento desta entidade de emergência plantada por uma força ocidental americana, que lhe fornece os meios de sobrevivência à custa do povo palestiniano e dos povos da região".

Apesar das alegações da facção iemenita de que o ataque ao Mar Vermelho tem origem nos ataques em Gaza, as suas ofensivas têm sido indiscriminadas, por vezes atingindo navios não afiliados a Israel ou aos seus aliados, o que tem levantado dúvidas sobre se os Houthis vão suspender totalmente os ataques.

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