quinta-feira, 14 de março de 2024

Desvios do Cabo da Boa Esperança aumenta a EU ETS em 191%


Uma das consequências do bloqueio do Canal do Suez devido aos rebeldes Houthis ( Que já causaram vitimas mortais), que fizeram alterar rotas para o Cabo da Boa Esperança, foi sem dúvida, o aumento das emissões para os armadores no âmbito do regime de comércio de emissões para o transporte marítimo criado pela União Europeia EU ETS ( Em Português, RCLE-UE),porque devido aos longos desvios de viagem para navios com destino à Europa aumentou exponencialmente o consumo de combustível, de acordo com a OceanScore ( Empresa de tecnologia marítima sediada em Hamburgo, Alemanha).

Cada vez mais navios, ( por imperativos de segurança), tem efectuado a rota alternativa a caminho da Europa através do Cabo da Boa Esperança, rota essa que adiciona 9.000 milhas náuticas, ou seja 80%, à distância percorrida, para evitar a ameaça Houthi, que não tem poupado de forma alguma, os navios que passam pelo estreito de  Bab-el -Mandeb, mesmo apesar das medidas de protecção adoptadas por uma ampla coligação multinacional.

O EU ETS impõe responsabilidade por 50% das emissões para viagens de e para a UE e 100% para escalas portuárias e trânsitos dentro do bloco. A OceanScore calculou que a rota através do Cabo triplicou o consumo devido à distância maior pelo aumento de 25% na velocidade de navegação de 16 para 20 nós, ( para compensar os trânsitos), dados mencionados com base no rastreamento AIS principalmente  dos porta-contentores.

Albrecht Grell, da OceanScore afirmou que: “Observamos velocidades aumentadas para compensar pelo menos parte da distância mais longa – para manter os tempos de navegação e a necessidade de tonelagem adicional a ser implantada em níveis aceitáveis ​​– e isso tem um impacto inevitável no consumo de combustível e nas emissões”.

Através da análise do modelo efectuado pela OceanScore, um porta-contentores de 14.000 TEU, mostra que o número de Licenças da UE , os créditos de carbono necessários para cobrir as emissões iria aumentar  de 1.800 por viagem para 5.200 por viagem com os actuais 40 % do requisito de responsabilidade no âmbito da introdução progressiva de três anos do RCLE-UE a partir de 1 de janeiro de 2024, aumentando para 70% no próximo ano e 100% em 2026.

Isto traduzir-se-ia num aumento de quase três vezes nos custos dos créditos de carbono, de 98 mil euros para 285 mil euros por viagem este ano, com base no preço actual do carbono de cerca de 55€ por tonelada de Co2, ou um aumento de 18 euros por TEU, segundo a OceanScore. .

Albrecht Grell relevou ainda que: “Com a introdução completa do EU ETS para 100% das emissões, veríamos outro aumento de 250%, o que levaria a margem de custo por caixa para cerca de 80 euros”, disse ele. Os novos regulamentos do EU ETS foram qualificados de “asneira” e “um completo desperdício de esforço” por um dos maiores armadores da Grécia, George Procopiou, durante um discurso num evento em Chipre, em Outubro passado,  tendo afirmado na altura que:  “Sempre que vamos ao estaleiro e tentamos melhorar – através de lubrificação a ar e novos motores, por exemplo. Embora os nossos navios tenham 11 anos, encomendamos uma grande quantidade de activos porque os novos modelos têm consumo 35% ou 40% melhor. Estes são os pequenos passos. O resto é asneira”

Em termos de emissões de CO2, os investigadores da consultora dinamarquesa Sea-Intelligence conseguiram quantificar a poluição extra por TEU num estudo recente que leva em consideração as distâncias de navegação mais longas, bem como o aumento das velocidades, e a probabilidade de navios mais pequenos serem transportados. implantado na rota alternativa da África Austral. As emissões de Co2 por TEU podem aumentar entre 31 e 575%, sugere o estudo.

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