quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Massa escondida de água reapareceu abruptamente no Atlântico


Um grupo de Cientistas do Instituto de Oceanologia Shirshov de Moscovo, na Rússia, efectuaram uma descoberta significativa na oceanografia ao realizar a identificação de uma massa de água anteriormente não identificada no Oceano Atlântico, que rotularam de AEA - Água Equatorial Atlântica. 

A descoberta efectuada é um avanço na compreensão da dinâmica própria dos oceanos, particularmente no contexto das águas equatoriais.

As águas equatoriais são partes únicas do oceano que se constituem ao longo do equador. As águas são significativas porque separam corpos de água ao norte e ao sul. Antes desta novidade, sabia-se da existência de águas equatoriais nos oceanos Pacífico e Índico, identificadas através da recolha de dados como a salinidade e temperatura. No entanto, a existência de uma massa similar no Oceano Atlântico permanecia elusiva, representando um desafio para os oceanólogos. 

A lacuna no conhecimento sugeria que o Oceano Atlântico tinha comportamento  diferente dos oceanos Pacífico e Índico, uma suposição que tinha implicações para a compreensão do comportamento oceânico global.

A descoberta da AEA foi possível através dos dados fornecidos pelo Programa Internacional Argo. Lançado em 1998, o programa Argo recolhe dados dos oceanos utilizando plataformas robóticas. Estes instrumentos envolvem-se com as correntes oceânicas e deslocam-se entre a superfície e um nível intermediário de água, recolhendo informações críticas sobre o interior do oceano. Nova verificação das massas de água utilizando os dados de alta qualidade e grande volume do Argo permitiu a identificação da AEA na principal termoclina do Atlântico Equatorial. A termoclina é uma camada de transição crucial entre a água superficial quente e a água profunda mais fria.

O oceanógrafo Viktor Zhurbas do Instituto de Oceanologia Shirshov e co-autor do estudo, e a sua equipa,  concentraram-se nos perfis de temperatura e salinidade para refinar e complementar um diagrama detalhado de temperatura-salinidade volumétrica dos primeiros 2.000 metros do Oceano Atlântico. 

Esse tipo d  abordagem permitiu que fosse detectada a AEA oculta, que separa o Atlântico norte e sul aproximadamente ao longo do equador.

A importância desta descoberta vai além da identificação de uma nova massa de água. Estas áreas do oceano, incluindo a recém-descoberta AEA, actuam como reservatórios de calor, sal e gases dissolvidos, essenciais para compreender a variabilidade climática.

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