domingo, 6 de outubro de 2019

Máquina que limpa Oceano recolheu plástico pela primeira vez.


Foi projectada por um adolescente holandês, em 2012, para recolher plástico dos oceanos. Foi testada no ano passado e falhou, mas parece estar finalmente a funcionar. A máquina desenvolvida pela fundação Ocean Cleanup recolheu pela primeira vez plástico do Grande Depósito de Lixo do Pacífico, que flutua entre a Califórnia e o Havai. Segundo o seu inventor, Boyan Slat, foram recolhidos detritos de vários tamanhos, inclusive microplásticos.
“O nosso sistema de limpeza do oceano está finalmente a apanhar plástico, desde redes-fantasma [esquecidas ou largadas no mar] a uma tonelada de pequenos microplásticos. Além disso, alguém sentiu falta de um pneu?”, escreveu o jovem numa publicação nas redes sociais, acompanhada por uma fotografia onde se veem os resíduos recolhidos.
O sistema, apresentado pela primeira vez numa conferência TedEx, consiste numa barreira flutuante de 600 metros de comprimento, que utiliza a força das correntes para capturar os resíduos. Tem a forma de U e uma espécie de rede que apanha plástico até aos três metros de profundidade.
“Após um ano de testes, conseguimos desenvolver um sistema autónomo no Grande Depósito de Lixo do Pacífico que usa as forças naturais do oceano para capturar e concentrar passivamente o plástico”, lê-se no comunicado da organização.
Segundo o The Guardian, 600 a 800 mil toneladas de redes de pesca são abandonadas ou perdidas no mar anualmente, que se juntam a 8 milhões de toneladas de resíduos plásticos que chegam das praias.
Entre o Havai e a Califórnia situa-se aquela que é considerada a maior acumulação de plásticos do mundo. Tem 17 vezes o tamanho de Portugal continental, Açores e Madeira.
O sistema de limpeza – System 001/B – foi desenhado não apenas para recolher as redes de pesca e os detritos visíveis, mas também os microplásticos. De acordo com a organização sem fins lucrativos, foram apanhados pedaços de polímeros de 1 milímetro.
“A missão para tirar o plástico dos oceanos, que se acumula há décadas, está ao nosso alcance”, afirmou Boyan Slat, destacando que a equipa teve de superar “enormes desafios técnicos” para chegar a este ponto.
Recorde-se que, no final do ano passado, a Ocean Cleanup anunciou que o sistema não estava a cumprir a sua missão. Uma das causas, adiantou, poderia ser a velocidade a que o sistema se movia. Entretanto, os problemas foram resolvidos com uma âncora que diminui a velocidade da máquina e aumentaram o tamanho da linha de cortiça, para garantir que o plástico não se perde.
Apesar do sucesso desta operação, Boyan Slat, agora com 25 anos, reconhece que ainda há um longo caminho pela frente. Um dos próximos passos é criar o System 002/B, que irá permitir suportar e manter o plástico durante longos períodos de tempo na água.
Segundo o The Guardian, o plástico que entretanto for recolhido será levado para a costa, em dezembro, para ser reciclado.
De acordo com um estudo feito pela equipa de Slat, citado pela National Geographic, as redes de pesca “representam 46% do lixo [do Grande Depósito], sendo a restante maioria composta por outros equipamentos da indústria de pesca, incluindo cordas, tubos para criação de ostras, armadilhas para enguias, caixas de pesca e cestos”. Segundo as estimativas dos cientistas, “20% dos detritos provêm do tsunami que atingiu o Japão em 2011″.

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