terça-feira, 9 de julho de 2019

O mar está mais quente, segundo a única bóia do IPMA a funcionar


Os portugueses que este fim de semana foram até à praia aperceberam-se de que a água estava mais quente do que o habitual em vários pontos do país. O fenómeno foi confirmado ontem pelo meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) Bruno Café, que explicou a subida da temperatura marítima com a ausência da nortada - vento frio na costa ocidental. A influência deste vento costuma criar um afloramento costeiro que implica que a corrente de água mais profunda venha à superfície e seja, normalmente, mais fria. 
No domingo, o IPMA registou ao longo de todo o dia uma temperatura que rondava os 19 graus, valor que “costuma ser mais baixo”, afirma o mesmo meteorologista. A medição é apenas feita em Leixões, dado que a outra boia, localizada em Sines, não está operacional. 
A falta de precisão no que toca a estas matérias é, aliás, criticada por João Branco, da Quercus: “Só haver duas [boias] e uma não funcionar... não faz muito sentido”. 
Raias, caranguejos e outros peixes mortos
Durante a tarde de domingo foram avistados na praia da Fonte da Telha vários animais mortos no areal - raias, caranguejos e outros peixes. A Associação Portuguesa do Ambiente (APA) e a Autoridade Marítima disseram desconhecer as causas que possam ter originado a morte dos animais, garantindo não ter qualquer registo.
Já fontes ligadas ao IPMA adiantaram três possíveis explicações: uma embarcação que largou excedentes; correntes e ondulação mais fortes; ou contaminação da água. João Branco, por seu lado, não tem dúvidas de que “as mortes de organismos marinhos são indicadoras de que há problemas” e acredita que não seja o aumento da temperatura da água o motivo da morte das espécies, mas sim uma qualquer contaminação. “A APA tinha obrigação de averiguar a qualidade da água e a morte dos organismos”, conclui. 
Caravelas-portuguesas aumentam
Embora não confirme que a água quente influencie a presença de organismos desta espécie, Antonina Santos, do IPMA, conta que três anos e meio de investigação permitiram descobrir que a caravela-portuguesa é “uma espécie comum na costa portuguesa, que tem um bloom em dada altura do ano”, ou seja, começam a surgir várias alforrecas desta espécie na costa portuguesa. 
Antonina Santos deixa algumas precauções para lidar com a caravela-portuguesa: manter a distância de cinco metros e, em caso de contacto, a zona “tem de ser lavada com água em abundância, sem esfregar”.  Os tentáculos da alforreca, lembra, têm um veneno particularmente agressivo e podem causar dor aguda ou, em casos mais graves, paralisia e problemas respiratórios.

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