sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Tubarão-da-gronelândia: Vertebrado mais velho do mundo tem 392 anos

Vive em águas muito frias e tem um metabolismo lento. Estas são algumas das justificações para a vida tão longa destes animais, que ainda permanecem um mistério para a ciência.


Jeanne Louise Calment viveu 122 anos e 164 dias. Até hoje, ninguém viveu tanto como esta francesa nascida em 1875. Mas este número parece uma brincadeira, quando comparado com os 392 anos vividos por um tubarão-da-gronelândia, o animal vertebrado mais velho do mundo, que vive em águas entre os -1 e os 5ºC.
As conclusões são de um estudo divulgado agora e orientado pelo investigador Julius Nielsen, da Universidade de Copenhaga. No entanto, pelo menos desde os anos 30 já se falava da possibilidade de os tubarões-da-gronelândia terem uma longevidade superior ao normal. A revista The Atlantic recorda que em 1936, um investigador dinamarquês mediu um destes animais e marcou-o para poder voltar a ele mais tarde. Voltou em 1952, 16 anos depois, e registou um crescimento de apenas 8 centímetros. Meio centímetro por ano. Para atingir os sete metros verificados noutros tubarões, precisaria de alguns séculos.
Mas era difícil de comprovar, de forma mais exata, esta conclusão. Impedidos de usar um dos métodos mais tradicionais para averiguar a idade de um tubarão (a análise dos círculos de crescimento nas vértebras), devido ao facto de as vértebras desta espécie serem demasiado macias, Julius Nielsen e a sua equipa optaram por algo inovador: a datação por radiocarbono dos olhos de alguns destes tubarões.
Resultado: o tubarão-da-gronelândia tem entre 272 e 512 anos de idade. Uma média de 392 anos, o número que foi avançado pelo grupo de cientistas. A margem ainda é grande, mas dá uma ideia da longevidade destes animais.

A ideia de utilizar o carbono-14 para descobrir a idade dos tubarões apareceu uns meses antes. Nielsen tinha participado, enquanto estudante, numa missão num navio hidrográfico. Por acaso, puxaram um daqueles tubarões para o barco, enquanto mediam cardumes de bacalhaus, e tiveram de usar as forças de todos para o conseguir colocar novamente no mar. “Foi uma experiência fantástica”, descreveu à The Atlantic.
Quando, depois desta expedição, assistiu a uma palestra sobre o assunto, ouviu do orador uma ideia interessante: talvez fosse possível saber a idade de um tubarão utilizando a datação por radiocarbono, analisando o cristalino do olho dos animais. “Levantei a mão e disse que já tinha estado num barco que apanhou e libertou um tubarão-da-gronelândia. Ele disse que devíamos falar”. Daí até ao estudo em si, foi rápido. Nielsen dedicou-se, entre 2010 e 2013, a recolher amostras dos olhos de 28 tubarões, em que foram medidos os níveis de carbono-14.
Este método de datação, muito eficaz em rochas ou em animais em terra, perde eficácia na água, onde é difícil avaliar as variações dos níveis de carbono-14. A ajuda veio do tempo da Guerra Fria. Quando as grandes potências mundiais fizeram testes nucleares, entre 1955 e 1963, causaram um aumento da quantidade de carbono-14 na atmosfera mundial, para o dobro. Naturalmente, este composto entrou na cadeia alimentar e, portanto, na constituição dos animais. Um modelo matemático criado para o estudo dos tubarões-da-gronelândia permitiu usar aquela década como referência e aumentar a eficácia do processo.
E os resultados são impressionantes. Mesmo utilizando os valores menores, o tubarão-da-gronelândia é oficialmente o animal vertebrado mais velho do mundo, até hoje conhecido. Nielsen pretende continuar a estudar este animal, para descobrir os motivos que permitem ao tubarão viver tantos anos. “Sou um geek dos tubarões-da-gronelândia”.
Fonte: Observador

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