O destino do Fortuna foi finalmente decidido. Após três anos
ancorado, aquele que foi o iate da família real espanhola vai voltar
a cruzar os mares. A companhia de navegação Baleària, que o
adquiriu em julho de 2014, optou por alugar a embarcação. Um luxo
que não está ao alcance de todos, ou não fossem precisos 25 mil
euros - sim, 25 mil - apenas para encher o seu depósito de
combustível de 45 mil litros.
A história do Fortuna, um dos iates mais rápidos do mundo -
consegue atingir velocidades de 65 nós (aproximadamente 125
quilómetros por hora) graças aos seus dois motores Rolls-Royce -, é
daquelas que começa como um conto de fadas e que rapidamente se
transforma num pesadelo. Oferecido no ano 2000 ao então rei Juan
Carlos por duas dezenas de empresários e pelo governo das ilhas
Baleares, foi avaliado em 19 milhões de euros e chegou a transportar
a realeza espanhola enquanto esta acenava ao povo e apanhava banhos
de sol no convés ao largo de Palma de Maiorca.
Há três anos, quando Juan Carlos renunciou ao iate como parte de um
plano de relações públicas que visou a melhoria da imagem dos
residentes do Palácio da Zarzuela, tudo mudou. Regressou às mãos
dos empresários que o mandaram construir e acabou por ser posto à
venda. Mas o Fortuna, todo ele construído de alumínio e com cinco
camarotes duplos, mais aqueles que estão destinados à tripulação,
deixou de valer uma fortuna: o seu preço de mercado caiu para metade
e nem assim houve quem quisesse pagar os cerca de dez milhões de
euros que eram pedidos para a sua aquisição.
Até julho de 2014, quando a Baleària abriu os cordões à bolsa e o
comprou por 2,2 milhões - um valor irrisório, tendo em conta o
preço inicial. Escreveu a imprensa espanhola na época que a ideia
passava por mandar retirar os motores do ex-iate real e utilizá-los
nos ferry que fazem a travessia, a cargo da mesma empresa, entre as
ilhas Baleares e a Península Ibérica. Contudo, como os custos eram
demasiado elevados, a Baleària optou por desmantelar a embarcação
para a vender às peças. Uma ideia que posteriormente também
abandonou.
Agora, o velhinho Fortuna, de 35,4 toneladas de peso e entretanto
batizado de Foners, pode fazer parte do mercado charter. O jornal El
Mundo avança que a companhia de navegação já deu início aos
trâmites que vão permitir o seu aluguer.
Resta dizer que Don Juan Carlos de Borbón não foi homem de um
Fortuna só. A história deste começou em 1997, quando foi
encomendado aos estaleiros navais de Izar, em San Fernando (Cádis).
A ideia foi substituir o anterior Fortuna, que lhe tinha sido
oferecido em 1979 pelo rei saudita Fahd. E antes deste, ainda
enquanto príncipe, o rei emérito de Espanha teve um outro - o seu
primeiro: aquele com que participou nos Jogos Olímpicos de Munique
em 1972 e que hoje está no Museu Olímpico de Barcelona. Actualmente,
Juan Carlos é um homem sem Fortuna.
Fonte: DN
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