domingo, 31 de janeiro de 2016

Para liderar Economia do Mar, Portugal deve apostar na formação e na Marinha


Um especialista em economia do mar defendeu que Portugal tem de aumentar o número de alunos nos cursos relacionados com actividades marítimas, apostar na construção naval e reforçar as horas de navegação da Marinha, se pretende liderar o sector.
"Não se tem notado um grande crescimento, por exemplo, de alunos que entram em cursos ligados ao mar", os dados sobre a construção naval "demonstram uma redução" da actividade e, "se há menos marinheiros da Marinha Portuguesa no mar e a tendência é continuar, teremos menos pessoas preparadas para a salvaguarda da vida humana e para as actividades de segurança no mar", disse à agência Lusa Miguel Marques, sócio da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).
O responsável pela área da economia do mar da consultora falava a propósito da apresentação, em Lisboa, do LEME Portugal Barómetro PwC da Economia do Mar, trabalho da área da responsabilidade social da PwC que vai na 6.ª edição e reúne dados estatísticos de várias entidades sobre a evolução daquela área.
Os números do projecto LEME revelam que "há claramente áreas muito positivas de crescimento" na economia do mar, tendo em conta a crise, pelo que esta "é uma boa notícia", mas também demonstram que "há áreas de preocupação", resumiu o especialista.
Entre as preocupações está a formação marítima em que "não se tem notado um grande crescimento, por exemplo, de alunos que entram em cursos ligados ao mar", o que "pode impactar no ritmo do desenvolvimento da economia do mar".
"Só com pessoas bem preparadas, bem treinadas, é que a economia do mar pode crescer", referiu Miguel Marques.
Os dados do estudo revelam que o acumulado de estudantes a entrar na primeira fase do acesso ao ensino superior naqueles cursos tem sido relativamente estável e, para Miguel Marques, "se Portugal quer ser líder em termos de economia do mar, este indicador terá de subir".
"Temos monitorizado as horas de missão no mar, de navegação da Marinha Portuguesa e, ao longo do tempo, têm decrescido, logo, se há menos marinheiros e se a tendência continuar, teremos menos pessoas preparadas para a salvaguarda da vida humana para as actividades de segurança no mar", frisou.
Assim, "a médio e longo prazo, esta tendência não pode continuar a descer, se queremos ser líderes da economia do mar", concluiu Miguel Marques.
Por outro lado, os profissionais têm de contar com bons equipamentos e "isso leva-nos às embarcações, à construção naval", pois "sem equipamento pesado para estar no mar não é possível aproveitar da melhor forma a economia do mar".
A informação sobre a actividade na construção naval aponta para uma redução, enquanto na manutenção e reparação naval, "a indústria portuguesa tem dado resposta, tem empresas que estão bem economicamente", segundo o especialista da PwC.
O responsável lembrou que o cuidado crescente com o ambiente pode levar ao aumento da construção de novas embarcações sustentáveis, o que pode ajudar o sector no futuro.
O LEME também traz "boas notícias" e, apesar da crise económica, "a exportação da indústria de conservas tem aumentado muito", tal como a exportação de peixe transformado, a actividade dos cruzeiros, em alta desde 2008, e o volume de carga nos portos.
O sócio português da PwC defendeu que "são crescimentos a dois dígitos, de 20 a 30%, o que é bastante elevado, principalmente em períodos de crise".
Também o registo internacional de navios português, sediado na Madeira, tem "crescido exponencialmente", o que, não tendo ainda "impacto económico visível, é uma porta que se abre", acrescentou.

EA // SO
Lusa/Fim

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