Perante uma plateia de gente jovem e indecisa, coube a João Franco, CEO da Administração do Porto de Sines, fazer uma reflexão introdutória. Pragmático e sem discursos formatados, o executivo começou por dizer que, «se tiver que escolher entre duas pessoas para contratar, sendo o primeiro um tipo normal, mas com conhecimento do mundo e participação em actividades de carácter social, além da sua formação escolar, e um outro candidato que seja um tipo de 20 valores nas notas, mas que nunca tenha feito nada disso», prefere «o tipo normal».
«Não precisamos de génios. Precisamos de gente empenhada, qualificada, ciente de que o mundo é um lugar muito competitivo. Claro, preferíamos que fosse mais justo e podemos tentar que seja, mas temos de dar seguimento ao que existe hoje, uma alta competitividade», frisou ao jovens.
Franco justificou que o «crescimento acentuado» do terminal de contentores de Sines deve-se, sobretudo, «à qualidade do factor humano». No futuro breve, «temos capacidade de emprego em áreas ligadas à pilotagem, reboques, estiva, funções comerciais, tecnologia de ponta, gestão de espaços comerciais, área financeira. Ou seja, é claramente um mundo de oportunidades», havendo ainda espaço no horizonte desta empresa de capitais públicos para criar condições aos investimentos em aquacultura.
Nadar pelo futuro
Outra oportunidade que os jovens podem agarrar é o curso de nadador-salvador, segundo o capitão Paulo Sousa Costa, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). Para este oficial, a publicação da Portaria nº 311/2015 possibilita que no futuro a curto prazo, este trabalho até aqui encarado como uma actividade sazonal, evolua para uma carreira profissional a tempo inteiro.
Outra oportunidade que os jovens podem agarrar é o curso de nadador-salvador, segundo o capitão Paulo Sousa Costa, do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN). Para este oficial, a publicação da Portaria nº 311/2015 possibilita que no futuro a curto prazo, este trabalho até aqui encarado como uma actividade sazonal, evolua para uma carreira profissional a tempo inteiro.
«A costa portuguesa tem 2800 quilómetros de extensão e 1250 unidades balneares, o que corresponde a 250 quilómetros de areal vigiado, visitados por 63 milhões de pessoas por ano. Portanto, precisamos de um quantitativo entre 4000 a 4100 nadadores-salvadores. Se fizermos a estimativa para 1100 piscinas de acesso público em Portugal, tudo junto, dá uma necessidade total 12 mil nadadores-salvadores. E para ontem», explicou.
A formação dos próximos nadadores-salvadores será aberta à iniciativa privada, o que também abre novas oportunidades de emprego, segundo explicou. O programa formativo irá «incorporar a lusofonia na parte da certificação», a pensar em saídas nos países de língua portuguesa.
Dos tanques de bacalhau para a Bolsa de Londres
O último a discursar foi Adelino Canário, professor catedrático e responsável pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve. Em tom informal, lançou o desafio aos jovens de considerarem um curso superior nesta instituição.
O último a discursar foi Adelino Canário, professor catedrático e responsável pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve. Em tom informal, lançou o desafio aos jovens de considerarem um curso superior nesta instituição.
«O Centro tem 300 pessoas, 100 são investigadores. Há 12 administrativos e, tudo o resto, são jovens a fazer doutoramentos ou investigação nas biotecnologias, um setor que ainda é verde no país. Temos cursos nos três ciclos que oferecem saídas profissionais na área do mar. A empregabilidade é muito elevada em qualquer dos cursos, estatisticamente, com taxas de desemprego muito baixas a nível nacional». Um exemplo é o curso de Biologia Marinha e Pescas (BMP), «abaixo dos 4 por cento, apesar de receber 50 novos alunos por ano».
«Os alunos ganham créditos passando tempo em laboratório nas ciências do mar. Esta componente prática é importante porque saem daqui com uma formação muito alargada e uma experiência útil para o mundo profissional», considerou.
«Os alunos ganham créditos passando tempo em laboratório nas ciências do mar. Esta componente prática é importante porque saem daqui com uma formação muito alargada e uma experiência útil para o mundo profissional», considerou.
Em consonância com o primeiro orador, Canário recordou que o percurso académico hoje já não determina a vida futura, à semelhança do que acontecia no passado. «Quando cheguei a Inglaterra conheci uma pessoa que estava a fazer um doutoramento em comportamento de peixes. Estudava bacalhaus dentro de um tanque. Quando acabou foi trabalhar para a bolsa de Londres, na área financeira», sendo que as empresas «interessam-se pelas pessoas com boa formação, e levam-nos para as coisas mais diversas».
O seminário, organizado no âmbito da «Mar | Algarve», teve moderação de Carlos Baía, delegado do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). De sublinhar que nenhuma associação ou instituição ligada ao setor das pescas esteve presente.
«Mar | Algarve» expo
Experiências de mergulho, demonstrações gastronómicas, meia centena de expositores e um conjunto de palestras sobre o potencial do oceano, fizeram o programa da segunda edição do evento «Mar | Algarve» que decorreu de 1 a 3 de outubro na Escola de Hotelaria do Algarve, em Faro. O evento foi organizado pela vempresa L Pro, com o apoio da Maralgarve – Associação para a Dinamização do Conhecimento e da Economia do Mar no Algarve.
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