quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Sobrevivente de naufrágio em Sintra garante que "não volta ao Mar"

"Nunca vi uma pessoa tremer tanto na minha vida", diz o guarda-nocturno que ajudou o pescador, que apesar da hipotermia conseguiu nadar até terra e escapar ao naufrágio. Cinco outros tripulantes continuam desaparecidos.


O sobrevivente do naufrágio de uma embarcação de pesca ao largo da praia das Maçãs, no litoral de Sintra, que fez desaparecer outro cinco tripulantes, foi encaminhado para a capitania do porto de Cascais, para ser ouvido, informou fonte da autoridade marítima. "O homem já teve alta e vai ser ouvido pela Polícia Marítima no âmbito do processo de inquérito", revela o comandante da capitania do porto de Cascais, Mário Domingues.


As autoridades foram alertadas, cerca das 3h10 de hoje, para o naufrágio da embarcação 'Santa Maria dos Anjos', com cerca de 11 metros, registada em Olhão mas de um armador do norte do país, ao largo da praia das Maçãs, com seis pescadores a bordo. Um pescador, luso-francês de 26 anos, conseguiu nadar para terra agarrado a uma boia e subiu a arriba na zona do Mindelo, perto da praia das Maçãs, batendo à porta de habitações a pedir socorro, até ser encontrado pelo guarda-noturno, alertado por uma moradora.

"Nunca vi uma pessoa tremer tanto na minha vida", comenta Eduardo Gil, guarda-noturno, que conta que o pescador lhe disse que "a embarcação tinha virado" e que "outros dois companheiros vinham para terra atrás dele, mas que os deixou de ver".

"Ele só falava que nunca mais queria [andar no] mar, que ia para trolha, mas que nunca mais voltava para a pesca", acrescenta o vigilante, que ainda procurou vestígios de mais sobreviventes, sem sucesso.

O homem foi transportado para o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), onde foi assistido e saiu pelos seus próprios meios após ter alta, mas voltou posteriormente à unidade de saúde onde esperou pelas autoridades, adiantou à Lusa fonte dos bombeiros.

Os destroços começaram a dar à praia das Maçãs durante o início da manhã, tendo sido recolhida uma balsa e outros objetos, com as buscas a mobilizarem meios terrestres, marítimos e aéreos numa área entre a praia Grande e a praia do Magoito, para encontrar os cinco pescadores desaparecidos, explica o comandante dos Bombeiros Voluntários de Colares, Luís Recto.

Um bocado da estrutura do barco de pesca, "que se presume ser da parte de cima da cabine", foi detetada pela lancha da estação salva-vidas e recolhida para a corveta 'Batista de Andrade', que apoiou nas buscas, informa Mário Domingues. Durante a manhã foram dando à costa destroços e materiais relacionados com a embarcação e "foi detetada uma mancha de gasóleo no mar, a cerca de uma milha, perto das Azenhas do Mar", adiantou o comandante do porto de Cascais.

A embarcação tinha saído de Peniche cerca das 21h de terça-feira e "estava a navegar para uma zona de pesca ao linguado", ao largo de Cascais, com seis ocupantes com idades entre os 27 e os 51 anos, segundo José Festas, presidente da associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

Os pescadores eram oriundos dos concelhos de Vila do Conde e Póvoa de Varzim e um será de origem ucraniana, acrescenta o representante dos pescadores, assegurando que "o mestre era experiente e tinha cerca de 25 anos de mar".

"Ele não ter morrido de frio pelo caminho foi uma sorte", desabafa um pescador desportivo, morador na Azóia, de 51 anos, que também fez vida na pesca profissional e apanhou "uns valentes sustos na apanha de percebes", no litoral de Sintra.

O presidente da Câmara de Sintra já se deslocou ao local. Basílio Horta assegura que a autarquia "está a dar todo o apoio nas buscas por terra", através de 33 bombeiros das corporações de Colares e de Almoçageme e elementos do Serviço Municipal de Proteção Civil. Para além da corveta 'Batista de Andrade', da Marinha, e de duas embarcações das estações salva-vidas de Cascais e Ericeira, participam nas buscas um helicóptero EH-101 da Força Aérea Portuguesa.

Fonte: Expresso

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