A Austrália reconheceu hoje oficialmente a degradação da Grande Barreira de corais, cujo estado é agora classificado como "medíocre" e que a UNESCO ameaça colocar na lista de sítios em perigo.
O ministro australiano do Ambiente, Mark Butler, divulgou um relatório que atesta a alteração regular do recife de corais desde 2009 sob o efeito de ciclones e de inundações, apesar do recuo da poluição.
"Os episódios climáticos extremos têm um impacto significativo no estado geral do ambiente marinho [da Grande Barreira], cujo estado declinou de médio para medíocre", sublinha o relatório.
Os ecossistemas do recife apresentam "uma tendência para a degradação" devido a uma má qualidade de água e aos efeitos cumulativos das alterações climáticas e de um aumento, em frequência e intensidade, dos acontecimentos [meteorológicos] extremos", acrescenta.
No período analisado pelo relatório diminuíram os resíduos de nitratos (-7%), de pesticidas (-15%), de sedimentos (-6%) e de outros poluentes, fazendo igualmente diminuir a invasão de uma estrela-do-mar que se alimenta dos corais, mas as inundações costeiras de 2010-2011 e o ciclone Yasi danificaram gravemente a Grande Barreira, destruindo 15% da superfície de corais.
"Uma regeneração completa demorará décadas", previne o relatório, considerado preocupante pelas organizações de protecção da natureza.
Estas associações aplaudem os esforços realizados, mas sublinham que os objectivos não foram alcançados, nomeadamente o da redução dos ataques de estrelas-do-mar, que diminuíram apenas 13% quando a meta era de 50%.
"Há soluções", reagiu Nick Heath, da organização não-governamental WWF. "Temos de investir mais, dirigir melhor as nossas acções aos pontos de poluição mais importantes", afirmou.
Considerada património mundial pela agência da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1981, a Grande Barreira perdeu mais de metade dos seus corais nos últimos 27 anos sob o efeito de factores meteorológicos, climáticos e industriais, segundo a revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
A barreira estende-se por cerca de 345.000 quilómetros quadrados ao longo da costa oriental da Austrália e constitui a mais vasta concentração coralífera do mundo, com 3.000 "sistemas" de recifes e centenas de ilhas tropicais.
Um grupo internacional de especialistas em oceanologia apelou recentemente ao Governo australiano para que proteja a Grande Barreira dos detritos provocados pela manutenção dos portos e pela navegação, devido sobretudo à indústria mineira.
A Austrália é um dos grandes emissores de detritos poluentes devido à sua dependência das centrais termoelétricas e às suas exportações de minerais para a Ásia.
A UNESCO ameaçou colocar a Grande Barreira na lista de sítios em perigo em 2014 se nenhuma medida for tomada para limitar o desenvolvimento da indústria no litoral. Caso as recomendações não sejam seguidas pelos Estados, podem levar, no limite, à exclusão da lista de sítios classificados como património mundial.
Fonte: DN
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